sábado, 15 de janeiro de 2011

PodCast Card Player - 1 ao 40 - Completo


Finalmente o Tiquinho, administrador do excelente Blog  "Quero Ser Shark", resolveu fazer o upload de todos os programas.
Excelente trabalho que merece nosso agradecimento. 
Para quem não conhece, o Podcast é apresentado pelos jogadores Guilherme Kalil e Marcelo Lanza.
O programa é composto de casos e notícias recentes, entrevistas com as principais figuras brasileiras do Poker e a avaliação de uma mão ocorrida com os apresentadores ou com os ouvintes.
Eles já entrevistaram quase todos os grandes jogadores brasileiros, e vale a pena baixar esses programas.


Basta clicar no nome do entrevistado para abrir o link para download.

#  1 - Estréia
#  2 - Rafael Caiaffa
#  3 - D.C.
#  4 - Marcelo Urubu
#  5 - Alexandre Gomes
#  6 - Sergio Prado
#  7 - Felipe Mojave
#  8 - Caio Pimenta
#  9 - Leo Bello
#10 - Gualter Saller
#11 - Marcos XT
#12 - Especial WSOP - Mojave, Tevez e D.C.
#13 - Especial WSOP - Daniel "Tevez" Cantera
#14 - Especial WSOP - Rodrigo Seiji
#15 - Especial WSOP - Diego Nakama
#16 - Caio Brites
#17 - Sergio Prado e André Paiva (Dexxx_RJ)
#18 - Christian Kruel - Parte 1
#19 - Christian Kruel - Parte 2
#20 - Andre Akkari
#21 - Raul Oliveira
#22 - Gabriel Almeida
#23 - Diógenes Malaquias
#24 - Vovô Leo
#25 - Thiago "TheDecano" Nishijima
#26 - Caio Pimenta
#27 - Leandro Brasa
#28 - Felipe Mojave - Parte 1
#29 - Felipe Mojave - Parte 2
#30 - WSOP 2010
#31 - Sérgio Prado
#32 - Vini Marques
#33 - Tito Feltrin
#34 - Fabiano Kovalski
#35 - Igor Federal
#36 - Diego Brunelli
#37 - Caio Pessagno
#38 - Eduardo "Sequela"
#39 - Vito Zapata
#40 - João Bauer

http://www.pokermania.cjb.net/

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Guga promete dar ganhos de pôquer para as vítimas das chuvas no RJ

Gustavo Kuerten Guga pôquer Bahamas tênis
Guga em torneio de pôquer nas Bahamas
durante esta semana (Foto: Divulgação)
Sensibilizado com as mais de 300 mortes no estado do Rio de Janeiro por causa das chuvas nos últimos dias, Gustavo Kuerten prometeu ajudar os desabrigados e deficientes da região. Em sua conte no Twitter, o tricampeão de Roland Garros prometeu doar R$ 25 mil, valor conquistado por ele em um torneio de pôquer esta semana nas Bahamas.
O catarinense também avisou que o Instituto Guga Kuerten (IGK), seu projeto social, auxiliará os deficientes da região com apoio às unidades da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). O IGK fez o mesmo em 2008, quando enchentes atingiram Santa Catarina.
- Acabei de falar com minha mãe. Assim como fizemos em SC, iniciamos já uma cia. para os alunos das Apaes que foram atingidas pela chuva no RJ!! - escreveu o tenista.

Por GLOBOESPORTE.COM Florianópolis

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Teoria Galfond (Dólares Galfond)


Antes de começar esse artigo quero ressaltar que o seguinte conceito é um dos mais importantes no poker.Vôce não vai encontrar um grande jogador que não entenda essa idéia, tenha ele mesmo posto em palavras ou não..Eu ainda não vi esse conceito ser bem explicado o bastante para que o jogador médio entenda, então vou tentar o meu melhor aqui. Ele envolve alguma matemática chata mas será útil para seu jogo se você puder passar por ela.Então preste atenção.

Em um ou mais de seus aclamados livros, David Sklanky introduziu o termo “ Dólares Sklansky”. Se você não sabe o que é isso, você deveria pegar seu “The Theory of Poker” e ler hoje , mas eu vou dar uma pincelada rápida para os propósitos desse artigo. Dólares Sklansky permitem a você avaliar como você está se saindo sem seus resultados serem afetados pela sorte.Para rastrear quantos Dólares Sklansky você ganha , você olha para a % de chance que você tinha de ganhar a mão quando o $ entrou no pot , e multiplica pelo dinheiro que entrou.


Então se você entrou all-in pré-flop com A-A contra J-J por $10k e você perde, você perdeu $10k em dólares reais; entretanto, você ganhou mais ou menos $6K em Dólares Sklansky porque você ganhará 80% do tempo. De acordo com Sklansky, contanto que você esteja ganhando Dólares Sklansky, você vai ganhar dinheiro no longo prazo porque sorte e azar se anulam. No longo prazo definitivo seus Dólares Sklansky ganhos e seus dólares reais ganhos serão os mesmos.É um bom jeito de você se manter calmo e tomar as decisões corretas quando estiver encarando a variância que inevitavelmente vem com o poker.É um conceito excelente.

Eu, entretanto, estou melhorando ele.E pelo fato de eu ser tão egocêntrico quanto o Sklansky, eu vou nomear minha idéia com meu nome.Introduzindo “Dólares Galfond” (ou G-Bucks em inglês):

Primeiro, quero me certificar que você entende hand ranges.Vamos dizer, por exemplo, que você dá raise UTG em um 9-handed game com AhKh. Sua mão é AhKh, mas seu range é muito mais que isso.Seu range é toda mão para qual você tomaria a mesma atitude.Então seu range para dar raise UTG pode ser A-K offsuit, A-K suited, A-Q suited, e todos os pares maiores que 9-9.Vamos dizer que o button dê call e o flop é Q-6-5 raibow (naipes diferentes). Agora você aposta 2/3 do pot. Sua mão ainda eh AhKh, mas vamos dizer que você sempre ( você provavelmente não faz sempre alguma coisa, mas suponha que sim para ficar mais simples) dê check no flop com seus menores pares, 99 até JJ e você dê check com QQ metade do tempo por deception(enganar seus adversários). Agora seu range é A-K off-suit, A-K suited, A-Q suited, A-A, K-K e metade de seus pocket Queens ( QQ).

Ta me acompanhando?Infelizmente, eu não posso ouvir sua resposta então vou continuar com o assunto.Agora, vamos dizer que o button dê call e o turn é o 2h, colocando 2 hearts na mesa. Você aposta ¾ do pot. Sua mão ainda é AhKh, mas seu range mudou mais uma vez. Vamos dizer que você desistiria com seus AK sem hearts e daria check em AQ suited para controlar o pot. Agora seu range é AhKh, A-A, K-K e metade de seus Q-Q.Tá me acompanhando? Okay.

O button dá call e o river é o 2d.Tentado a blefar? Guarda essa situação na cabeça.Vamos voltar a ela em um momento.

Agora que você entende um range, vamos falar sobre Dólares Galfond. A maneira pela qual funciona o Dólar Galfond é similar ao modo como funcionam os Dólares Sklanky. Entretanto, ao invés de pegar a sua mão e ver como ela se sai contra a mão do seu oponente, você pega o seu range de mãos inteiro e vê como ele se sai contra a mão dele.( O próximo passo seria colocar range versus range, mas fica muito complicado matematicamente.)Então, vamos ver um exemplo:

Você está jogando $50-$100 head’s up No-limit.Seu oponente tem somente $1k na mesa e você tem mais que isso.Você está na SB.Você decide antes da mão que você vai ir all-in com K-Q, J-J, Q-Jsuited, e 7-6 suited, e não vai dar all-in com outras mãos.(esse range de push é meio forçado, mas aceita ele pra essa explicação) Você recebe QsJs e assim como planejou você vai allin.seu oponente pensa um pouco e da call com Kc9d. A mesa vem Qh5s6dKh2h e você perde o pot de $2k.Vamos ver como você se saiu em dinheiro real, $ sklanky e G$ :

Em dinheiro real, você perdeu $1,000

Em Dólares Sklanky, você perdeu $80 ( QJs tem 46% de chance contra K9o x $2k no pot = $920; $1k - $920 = $80).

Vamos ver em G-Bucks agora....

Lembre-se, nós colocamos nosso range contra a mão dele.Então vamos primeiro ver o quanto
estamos propensos a receber cada mão do nosso range:

Existem 16 combinações de K-Q (KsQs, KhQc, KdQh, etc.), seis combos of J-J, quatro combos de Q-J suited, e quatro de 7-6 suited. No total, existem 30 combinações que podemos ter.Agora vamos ver como cada mão se sai contra o K9o dele:

K-Q versus K-9 off-suit - 74.0%
J-J versus K-9 off-suit - 72.0%
Q-J suited versus K-9 off-suit - 45.5%
7-6 suited versus K-9 off-suit - 41.0%
Em seguida você multiplica cada % de vitória pela chance da mão ser recebida. Em outras palavras, Quantas combinações de mãos fazem aquela mão comparado a quantos combos você tem em todo seu range.A melhor maneira de se fazer isso é multiplicar cada % de vitória pelo número de combos e então dividir pelo número total de combos.
K-Q J-J Q-J suited 7-6 suited Total hand combos
(.74 x 16 + .72 x 6 + .455 x 4 + .41 x 4) / 30 or
11.84 + 4.32 + 1.82 + 1.6 = 19.58
19.85/30 = .653
Então seu range está 65,3% contra K9o, o que significa que em média, você ganha $1,305 do pot de $2000 quando ele der call no seu shove com K9o. Isso nos dá um lucro médio de $305.Então quando K9o da call em seu shove de QJs, você faz $305 G-bucks! Pra lembrar :
Real Dollars -$1000
Sklansky Dollars: -$80
Galfond Dollars: +$305
O exemplo não foi muito importante para seu jogo de poker, mas eu quis ter certeza que o conceito de G-Bucks está inteiramente claro.Vamos passar para mãos mais interessantes.
Que tal a mão que deixamos de lado lá em cima Você tem AhKh e já disparou duas apostas depois de dar raise UTG e tomar um call.Você não completou seu flush.Lembre-se o bordo era Qh6s5c2h2d e seu range para abrir raise UTG pré-flop e depois apostar tanto no flop e no turn seria AhKh, A-A, K-K e metade das suas Q-Q.Estavamos decidindo entre blefar ou não no river.Vamos dizer que nessa situação seu oponente tenha algo como top pair ou J-J ou 10-10 : uma mão que é moderadamente forte mas que só pode derrotar um blefe nesse river. Vamos dizer que você aposte o pot com seu AhKh, assim como com seu range todo de novo.Quanto seu oponente ganharia ou perderia quando da call?
Nunca dissemos o valor do pot então vamos dizer que tenha $5K no pot.Se você aposta $5k e ele da call, ele faz $10k em dólares reais e em Dólares Sklansky , já que não há mais cartas por vir.Como ele se sai em G-Bucks?
Bem, você tem 14,5 combinações de mãos ( 3 combos de Q-Q, então apostar Q-Q metade do tempo dá 1,5 combos de mãos) das quais ele derrota apenas somente uma. Ele perde $3,965,5 por dar call em sua bet no river contra seu range.Então ele estaria fazendo um call terrível se ele tivesse idéia do seu range. Um jogador observador entenderia isso e não te pagaria aqui.Contra jogadores fracos que dão call demais, ter quase sempre o melhor jogo quando você apostar é uma maneira inteligente de jogar.Entretanto, contra jogadores de níveis mais altos , você tornou seu jogo super explora por não blefar o suficiente.Você tem que pensar sobre manipular seu range porque assim você se torna mais imprevisível e põe seus oponentes em decisões mais difíceis.Se por exemplo, você pudesse ter 8-7 suited, AhJh, AhTh, e você seguisse com seguisse com metade de seus A-K off suited, a decisão do seu oponente seria mais difícil nesse river.No exemplo dado, contra, contra oponentes médio- decentes ou melhor você tem que apostar com seu AhKh, do contrário você se torna ainda mais previsível, já que você está na verdade blefando 0% do tempo.
Essa é a razão pela qual em tough games, você não pode só dar raise com T-T e acima e A-K de UTG.Seus oponentes espertos vão ser capazes de te colocar em uma mão muito facilmente uma vez que o flop vier. Se o flop vier 7-6-5 rainbow, eles saberão, que você não gosta desse flop. Mesmo com um overpair você poderá ter que dar fold se eles voltarem pesado em cima de você, e por causa do seu range pré-flop para raise UTG, você nunca teria uma set ou um straight. Em tough games, você não pode somente apostar suas mãos fortes, e você não pode desistir toda vez que você não acertar sua mão. Você tamb´m tem que aprender a fazer value bet mais apuradamente.Aqui está um exemplo de como dar value bet muito tight pode te meter em encrenca:
Você é um jogador sólido, agressivo.Você põe muita pressão nos seus oponentes, o que é uma coisa boa. Quando você manda várias bets grandes em todas as streets, você pode aparecer com um draw incompleto algumas vezes, mas você também pode aparecer com o nuts.Você não vai muito por slowplaying. Entretanto, você toma cuidado pra não perder seu stack com mãos como um par.Vamos à mão:
6-handed $100/200
Todos tem $20k para começar a mão
Você dá raise em 9h8h para $700 no button , e um jogador otimista da call na BB (Eu uso o termo otimista para descrever um jogador que rapidamente te põe em uma mão que ele possa derrotar se for razoável)
Flop Qh10h5d ($1,500 no pot).
Ele dá check e você aposta $1,500.Ele dá call
Turn 4c ($4,500).
Ele dá check e você aposta $4,500.Ele dá call
River 5s ($13,500).
Ele dá check e você vai allin pelos seu últimos $13,300.Ele insta-call com AcJc.Você olha pro seu 9h8h, pensa em que call ruim ele acaba de fazer, e que você jogaria Q-Q da exata mesma maneira e pôe suas cartas no muck.Ele ganha o pot de $40k
Mas o que o jogador esperto sabe sobre você é que você não aposta pesado o suficiente com mãos do tipo top-pair, e você sempre aposta pesado com seus draws. Ele sabe que com K-Q ou A-A, você daria check atrás no turn para controlar o pot.Então as únicas mãos que você apostaria por valor no turn seriam 2 pares e trincas.Você também apostaria com qualquer open-ended straight draw no turn e também com qualquer flush draw. Vamos olhar seu range no river e ver o quão ruim foi esse call. Seu range para raise pré-flop e apostar todas as ruas: Q-Q, 10-10, Q-10, 5-5, 4-4, Ah5h, 7-6, K-J, J-9, Ah2h to AhKh, Kh9h, Jh8h, 9h8h, 8h7h, 9h7h
Estou tentando fazer você entender quantos combos fazem uma certa mão.Por exemplo, quando você pensa que alguém tem uma set, existem somente 3 possiveis combos de cada set, enquanto temos 12 combos de mãos para top pair-top kicker.Então se alguém age de um jeito onde ele tem que ter uma set ou um blefe perceba entenda o quanto é improvável que ele tenha uma set.Similarmente, suited hands são muito mais improváveis que unsuited hands.
De qualquer forma, vamos ver o quanto foi ruim o call dele no river em G-Bucks.Já que todas as cartas estão expostas, a análise de G-bucks é simplesmente qual % de mãos ele pode derrotar agora.Se fosse mais cedo na mão nós também consideraríamos a % de melhoras para a melhor mão no river.
Eu não vou fazer todo o processo de análise de contagem de mãos de novo porque é tão chato pra mim quanto é pra você.Existem programas disponíveis on-line onde você pode colocar umrange de mãos e ver como sua mão se sai contra esse range, e que também conta combinações de mãos.Se você estiver afim, tente esse pra ver quão freqüente seu oponente fez um bom call contra o range que eu dei acima.Lembre-se de desconsiderar AcJc em seu range já que ele sabe que você não pode ter Ac ou Jc.
Eu vou colocar o range no program e ver quão frequentemente ele terá a melhor mão. Se ele estiver certo ele ganha $26,800 e se ele estiver errado ele perde $13,300; então ele tem que estar certo somente algo em torno de 33% do tempo para fazer um call ser break-even. Olhando para a matemática, ele terá a melhor mão 70,5% do tempo!! È muito mais do que o suficiente para dar call no river.O call dele fez quase $15,000 Dólares Galfond ($26,800 dólares reais), e é claramente a melhor jogada contra você.
Vamos falar sobre mais 2 outros aspectos da mão.Primeiro, seu call no turn.Segundo , como você pode manipular seu range para fazer dessa uma decisão mais difícil para ele.Enquanto o call dele no river foi muito standard contra seu range, o call dele no turn foi muito mais pobre.Decisões no river são muito simples já que podem ser resolvidas completamente com números.Decisões pré-river são muito mais complicadas.Vamos olhar para o call dele no turn pela perspectiva dos Dólares Galfond.Quando você aposta o turn com esse mesmo range, e ele dá call com AcJc ele está 54% contra seu range de hands.Já que ele tem que dar call em $4,500 para tentar ganhar os outros $9,000 no pot, pode parecer que ele está fazendo uma boa jogada.Se sua aposta de $4,500 te colocasse allin, e seu range fosse o mesmo, o call dele estaria fazendo pra ele $2,790 G-Bucks (veja se você consegue chegar a esse número sozinho).Entretanto, com um board nuito drawy, e estando fora-de-posição com dinheiro ainda pra trás o call dele não é tão bom.Eu não tenho um panorama preto-no-branco pra você, mas você deveria foldar situações que são marginalmente +G-Bucks quando certas situações aparecessem.
Aqui estão alguns exemplos de vezes em que você deveria foldar , mesmo quando os cálculos de G-bucks estão te dizendo para fazer outra coisa :
-Vc está fora de posição e tem algum $ behind.( $ ainda a ser apostado) -A board tem muitos draws , e vc não sabe que cartas ajudam seus oponentes -Seu oponente é um strong agressive player -Sua mão tem pouca chance de melhorar
Por outo lado, existem algumas situações onde vc pode dar call quando os cálculos de G-bucks fazem um call parecer levemente errado:
-Vc está em posição e tem agum $ behind -A board tem muitos draws e vc tem um draw bem escondido (especialmente em posição) -Seu oponente é bem previsível –muito loose ou muito tight –e vc é um strong aggressive player -Sua mão tem outs para se tornar muito forte
( Todos esses fatores aumentam mais qto mais deep os stacks são)
A razão pela qual seu oponente deveria foldar AcJc se vc for um jogador competente, na minha opinião é que vc vai tornar a vida dele muito difícil no river.Se vc não tiver hearts e uma hearts cair, vc pode blefar e faze-lo largar a melhor mão. Ou vc ainda pode completar um str8 e ele vai te pagar pensando que vc tem um busted flush draw. O fator principal é que você tem outra street pra agir onde vc tem tudo correndo por vc. Vc deveria ganhar $ no river em média, se você for tão bom quanto seu oponente ou melhor, por causa de todos os fatores acima. Então vc deveria desistir de um pouquinho de valor no turn para compensar pelo valor que você deve ganhar no river.
Um bom exemplo que eugosto de dar : mesmo game ,100/200, $20K stacks. O button, um bom aggressive player, dá raise pra 600 e vc dá call na BB com 5-5. Flop Jd Td 2h. Vc dá check e o BTN aposta $1,000, o que ele faz com quase qualquer mão com a qual tenha dado raise.Vc geralmente tem a melhor mão.Mas um fold ainda é correto.Pense sobre isso e certifique-se de que vc entenda.Vc provavelmente tem a melhor mão,, definitivamente mais de 65% do tempo, e vc tem mais de 2 : 1 pot odds, mas um fold ainda é claramente correto. Primeiro, vc é underdog para terminar a mão ahead. Vc tem mais ou menos 44% contra um range decente de raise de BTN nesse flop.Mesmo com pot odds, o qual faria o call aparentemente te ganhar alguns G-bucks , vc tem que considerar a vantagem do seu oponente em latter streets por causa dos exemplos que eu dei acima.
Vamos voltar agora para aquela mão do AcJc e discutir como podemos melhorar seu jogo no turn e no river.Lembre-se que a ação era a seguinte:
Flop Qh10h5d ($1,500 in pot).
He checks and you bet $1500. He calls.
Turn 4c ($4,500).
He checks and you bet $4,500. He calls.
River 5s ($13,500).
He checks and you go all in for your last $13,300. He insta-calls with AcJc.
E nós dissemos que você tomaria essas ações com as seguintes mãos : QQ, TT, QT ,55, 44, Ah5h, 7-6, K-J, J-9, Ah2h to AhKh, Kh9h, Jh8h, 9h8h, 8h7h, 9h7h.
Agora o call dele é bem close, como seria com mãos fracas de 1 par, então sua jogada no turn não precisa funcionar muito, exceto pelo fato que varia-la um pouco para ajudar seu range no river.Então vamos tentar dar check behind no turn com seus A-high flush draws além de AhKh e AhJh. Eu gosto um pouco mais de dar check aqui porque sabemos onde estamos quando um hearts cair, enquanto não saberemos se dermos se dermos check behind com 9h8h e um flush vier, e também porque nossos A – outs podem ser bons eu detestaria tomar check-raise e ter que sair de uma mão com tantos outs no turn.
Também precisamos adicionar mais algumas one-pair hands ao nosso range.Lembre-se, nosso oponente é esperto e otimista, então em uma board como essa com tantos draws ele vai dar call light muito frequentemente.Ademais , é improvável que ele somente desse call em sua bet no flop com uma mão como uma set de 5s ou QT quando tantas scary cards pudessem vir no turn.Não há razão para vc pensar que uma mão como AQ esta derrotada aqui. Então vamos apostar o turn com KQ, AQ, JQ, KK e AA. Nós vamos parar e não betar Q-9 porque ele pode ter KQ e QJ frequentemente, e ele poderia check-shove o turn com um draw e você pode ter que foldar a melhor mão.
Vamos então olhar nosso novo range :
Q-Q, 10-10, Q-10, 5-5, 4-4, A-A, K-K, A-Q, K-Q, Q-J, 7-6, K-J, J-9, AhKh, AhJh, Kh9h, Jh8h, 9h8h, 8h7h, 9h7h.
Tenho certeza que agora o call dele no turn é ruim contra esse range.
Vamos ver como se sai o call dele no river com AcJc contra seu novo range, assumindo que vc aposte todas essas mãos no river.Correndo os números... ele ainda tem a melhor mão 43.3% do tempo tornando o call dele correto e dando a ele alguns G-Bucks.
Já que ele é um tipo de calling station queremos tornar esse call incorreto.Pelo menosqueremos torna-lo uma decisão mais difícil.Então vamos tentar abaixar essa mão para 30% contra você.Isso quer dizer que vamos ter que dar check behind com alguns dos nossos bluffs nesse river.Bom, pra começar, daríamos check behind com A-K e A-J de hearts, mesmo embora eles não sejam blefes versus essa mão.Nós devemos dar check behind com essas mãos porque elas podem ganhar o pot sem ter que apostar.E que tal um check com os open-ended str8 draws? Sendo K-J e J-9.Nós desistimos dessas mãos então agora estamos betando : Q-Q, 10-10, Q-10, 5-5, 4-4, A-A, K-K, A-Q, K-Q, Q-J, 7-6, Kh9h, Jh8h, 9h8h, 8h7h, 9h7h.
Correndo os números de novo, parece que o A-J só é bom 26,6% do tempo agora, então tornamos o call dele um call ruim.Então, agora quando betamos esse river e ele da call com AJ (ou QJ ou AT ou 88), não importando se temos full house ou 9-high , ele perde G-Bucks e nós ganhamos G-Bucks.Isso significa que no long run ganharemos $ se ele continuar dando esse call.Para ser exato, esse river vai custar a ele $2,633 G-Bucks e te dar a mesma quantia.
Por quê, vc perguntaria, não deveríamos blefar esse river?Então ele estaria extremamente errado em dar call certo? Definitivamente uma boa questão.Se vc estiver contra um jogador bem loose, não-inteligente, vc deveria blefar esse river perto de 0% do tempo.O problema em fazer isso contra bons jogadores, mesmo se ele for loose, é que eles são espertos o bastante para se adaptarem.Eles vão notar que você não está blefando o bastante e não vão te dar nenhuma action.Lembra-se do exemplo acima de AhKh onde não estávamos blefando o bastante?Seu objetivo deve ser fazer o maior $ na média, não necessariamente na mão presente.Você tem que blefar algumas vezes contra oponentes espertos para que eles te paguem quando vc tiver uma grande mão.Então se vc vai jogar 5 minutos com esse jogador, e vc acha q ele vai quase sempre dar call nesse river, - lógiko, não blefe.Mas se vc vai jogar contra ele frequentemente, vc tem que ocasionalmente blefar pra que ele não “se ligue” e comece a jogar corretamente contra vc.
Contra um loose player, vc quer mixar seu jogo de um jeito que faça os calls dele tão incorretos quanto possíveis (de uma perspectiva relativa aos G-Bucks) sem fazer com que ele entenda e comece a foldar.Contra um tight player, você quer mixar seu jogo para que ele seja tão incorreto quanto possível quando ele der fold , sem faze-lo ficar mais loose e começar a jogar corretamente.Então contra um jogador loose mas observador, você vai querer blefar por volta de 18% do tempo, e contra um tight mas observador, talvez 45%.Contra um muito loose não-observador ou um muito tight não-observador, vc vai kerer quase nunca blefar ou quase sempre blefar, respectivamente.
Outra dica que eu tenho pra você é observar como cartas que caem afetam os ranges.Vc da raise pré-flop e o BB da call, e o flop é 7-8-2 com 2 spades.Ele dá check, vc aposta ele paga. Vc acha que ele dá raise na maioria dos draws então, vc não põe ele em spades ou str8 draw.O turn é Ts.Vc geralmente deveria apostar quase toda vez quando ele der check porque o range dele não pode gostar desse turn e provavelmente não agüenta o fogo.
Ou vamos dizer que vc dá raise pré-flop UTG six-handed com QJo e somente o SB da call. Flop T-8-4 rainbow.Ele dá check e paga uma aposta sua .Turn 2offsuit Check, check. River : A Ele dá check. Essa carta embora não tenha melhorado sua mão real, ajudou bastante o seu range. Muitas das mãos que vc jogaria assim contém um A. Isso torna essa carta uma boa carta para vc blefar. Vc não necessariamente blefará sempre nessa situação, mas vc deve fazer isso com mais freqüência do que se tivesse caído um T ou um 5.Assim como antes, vc deve balancear suas jogadas para que seja uma decisão difícil para seu oponente dado o seu range.
Uma armadilha na qual eu tenho visto as pessoas caírem é a seguinte:
Você da raise com 65º no BTN e o BB call. A board vem QdJd4h4s7d. seu oponente dá check-call numa bet do tamanho do pot em cada rua e ganha com QsTs.Você pensa pra si mesmo : “Que call horrível.Meu range é tipo, flush draws , sets, 2pair e str8 draws e então, de vez em quando puro air.Todo draw acertado exceto os str8 draws.Ele está muito atrás do meu range”.
Então vc quase nunca tem air, mas só decidiu blefar dessa vez com isso?Isso pode ser verdade, mas é provável que você teria atirado em todas as streets com um monte de air hands aqui. Seja honesto consigo mesmo sobre seu range.Não use análise de G-Bucks como desculpa para fazer jogadas ruins.Não use-a para se consolar depois de perder uma mão, provando o quão ruim foi a jogada do seu oponente.Use os Dólares Galfond para balancear seu jogo, para explorar as fraquezas dos seus oponentes, e para manter o controle quando vc fizer uma jogada que acabe sendo incorreta dessa vez mas ainda assim a jogada correta.. A pior forma de bad run é quando vc faz bons calls ou blefes ou value bets que acabem dando errado sucessivamente. Isso te faz pensar que vc esta jogando mal mas na verdade vc não está.
Espero que vc tire algo de bom disso.Se vc ainda não entende o conceito, ou não sabe ainda como aplica-lo, salve esse artigo e releia-lo quando vc estiver pronto.Releia-lo quando vc se encontrar fazendo o que parece ser call-downs ou blefes ruins.Reveja seus ranges e os ranges dos seus oponentes e veja se eles foram realmente jogadas ruins. Releia-lo se vc se encontrar incerto de como jogar contra um oponente que jogue agressivamente demais ou loose demais ou qualquer coisa demais.Pense sobre seus ranges em cada street , e o melhor jeito de se jogar contra ele.
Boa sorte nas mesas.Espero que todos vcs se tornem bilionários em G-Bucks.

Phil Galfond

Sobre a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos

"No final dos anos 70 e início dos 80, a abertura política decorrente do final do regime militar coincidiu com a intensa mobilização dos educadores para buscar uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, tendo em vista a superação das desigualdades existentes no interior da sociedade. Ao lado das denominadas teorias crítico-reprodutivistas, firma-se no meio educacional a presença da pedagogia libertadora e da pedagogia crítico-social dos conteúdos, assumida por educadores de orientação marxista"
Parâmetros Curriculares Nacionais - Introdução, p. 41.

Uma Pedagogia Progressista

Segundo José Carlos LIBÂNEO (2002: 32) o termo progressista é usado para designar as tendências pedagógicas que partem de uma análise crítica das realidades sociais e sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. "Evidentemente a pedagogia progressista mão tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais" (idem).
No caso específico da Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos ou Pedagogia dos Conteúdos, entende-se que a difusão de conteúdos é tarefa primordial desde que não abstratos, sendo vivos, concretos e indissociáveis das realidades sociais (LIBÂNEO: 2002: 39). A escola como parte integrante da sociedade, deve agir com o intuito de transformação desta mesma sociedade e não como adaptadora do indivíduo à sociedade ou como mera reprodutora da ordem social instituída. Neste ponto a Pedagogia dos Conteúdos posiciona-se antagonicamente ao crítico-reprodutivismo - que na verdade era mais uma concepção do que uma pedagogia - e às Pedagogias Liberais que buscam, antes de tudo, preparar cidadãos-profissionais num contexto de exigências inescusáveis do mercado de trabalho.
Para o professor crítico-social não há "dom" na educação, não se considera o aluno como "conta bancária" onde se deposita saberes, não se atua no processo ensino-aprendizagem imaginando ingenuamente que o que se faz é fora de uma ação política - que aliás é sempre confundida com ação partidária. A educação não é "salvadora", não é "redentora" e nem tampouco poderá restringir-se à mera reprodução, mas deve buscar numa síntese superadora de tendências pedagógicas liberais e progressistas, o "papel transformador da escola, mas a partir de condições existentes" (idem). Ainda conforme LIBÂNEO, a atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.

Dualismo Pedagógico

Há diversas discussões entre educadores e pensadores sobre os acertos ou erros de uma pedagogia ser diretiva ou não-diretiva. O senso-comum pedagógico associa a diretividade ao professor autoritário e dono do saber, enquanto que também no senso-comum pedagógico a concepção da não-diretividade como laissez faire. Mas o que se observa não é tanto um combate ideológico entre as diversas tendências pedagógicas ou entre a Pedagogia Liberal e a Pedagogia Progressista. O problema da educação passa pela não-pedagogia, pelo senso-comum pedagógico que assume um caráter eclético e ingênuo, vivendo-se no saber espontâneo uma vez que o que se busca para o aluno é o acesso dele ao saber elaborado, à atitude crítica diante de sua própria vida. Homens como Jean Piaget, Jung, Carl Rogers, podiam imaginar que a educação deveria enfatizar menos os conteúdos do que a formação humana, mas a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos vem afirmar que a condição humana do aluno brasileiro, principalmente o pobre, não poderá ser alcançada se ele sair da escola sem os instrumentos para a construção de sua própria cidadania e mesmo de uma nação melhor e sem injustiça social. Não se pode confundir a ação educacional com ação psicológica-ocupacional, embora uma não deva desconsiderar a outra. É antagônico que em nosso país se possa buscar pedagogias do não-conteúdo para as séries anteriores ao Ensino Médio para depois render-se ao conteudismo dos pré-vestibulares. O objetivo da educação, numa Pedagogia Crítico-Social, não pode ser só o mercado de trabalho ou o curso universitário, pois que o ser humano que está diante de um professor será um pai, uma mãe, um profissional, um empresário, ou um desempregado, um marginalizado, um assassino. Um estudo intensivo pode colocar uma pessoa numa Universidade, mas não pode lhe conceder os instrumentos que lhe tornem cidadã, além de que a grande maioria dos alunos pobres neste país não terão acesso à Universidade por não poderem pagar cursos intensivos.
O dualismo pedagógico vai mais longe quando se vê que a escola brasileira tem assumido o trabalho de seleção num darwinismo social injusto e carente de esclarecimento porque se acredita que a escola é sinônimo de um futuro melhor, entretanto só para aqueles que possam ter acesso à melhores escolas, aos melhores cursinhos e, quem sabe, até à possibilidade de se ter uma fotografia estampada num outdor porque se passou em primeiro lugar nesta ou naquela Universidade de nome. Uma Pedagogia Progressista não pode ficar em silêncio diante do comércio de imagens que se faz com o nome de "educação". O dualismo pedagógico favorece a escola particular e prejudica profundamente a escola pública, e não é por menos que a Pedagogia dos Conteúdos tem por objetivo a democratização da escola pública.

Postura Pedagógica Crítico-Social dos Conteúdos

Os conteúdos universais não podem ser apenas ensinados e nem tampouco recriados pelo aluno; tais conteúdos devem ser ligados indissociavelmente à sua significação humana e social. Não cabe aqui a oposição entre cultura erudita e cultura popular, porque todo e qualquer homem produz cultura, todo homem é culto e isto não depende de sua classe social. Mas deve levar em conta que o aluno vem de uma experiência espontânea com o saber, o saber espontâneo, o saber aceito sem reflexão, sem estabelecer-se uma atitude crítica diante do que se aprende cotidianamente. Trata-se de uma experiência imediata e desorganizada, sendo assim, o professor deve proporcionar o acesso do aluno aos conteúdos ligando-os com a experiência concreta deste aluno, ou seja, há a continuidade. Mas a continuidade não significa permanência, latência, ou irreflexão. Assim, o professor também proporcionar ao aluno os elementos de reflexão, análise crítica, que ajudem o aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões ideológicas, ou seja, há a ruptura após tal análise.
Em termos de uma contribuição althusseriana à Pedagogia dos Conteúdos, há um outro trabalho escrito tratando da categoria do "corte epistemológico" que polariza, em termos educacionais, o ideológico com o científico. O problema da ideologia é algo complexo em termos de concepções filosóficas ou pedagógicas de esquerda que podem ser ou não de cunho marxista. O processo de ruptura ou de corte epistemológico estão sempre diante do conceito de ideologia e de como se assumir uma ação pedagógica que não o ignore. Foucault dizia que a política é a guerra continuada em outros meios e Althusser, que a Filosofia era a luta de classes em teoria, e neste embate nestas ordens de discurso, a última coisa para uma Pedagogia é ser conivente ou não admitir que a escola é âmbito de conflitos conceituais, étnicos, pedagógicos, ou seja, a luta de classes ou a disputa dos poderes perpassam as salas deste país. A assertiva recentemente difundida pela televisão (2004 - Big Brother Brasil) na voz de Pedro Bial, felizmente ou infelizmente não há luta de classes no Brasil, é falaciosa.
Segundo LIBÂNEO (2002: 40):
"Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora"
Sendo assim, a ruptura só e possível com a introdução explícita, pelo professor, dos elementos novos de análise a serem aplicados criticamente à prática do aluno indo-se da ação à compreensão e da compreensão à ação até a síntese. Eis aqui a dialética entre o aluno e os conteúdos. (atenção às considerações feitas a este conceito de dialética em nossa contribuição a esta Pedagogia dos Conteúdos, na parte referente à Conclusão)
O que se observa aqui, e o que se tem visto como críticas à Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos é seu caráter diretivo, embora o aluno seja também co-participante do processo onde não pode haver transmissão sem assimilação ativa do educando. Também se ouve críticas sobre a ênfase do caráter transformador dos conteúdos, ou seja, atribui-se o epíteto de conteudista a uma Pedagogia Progressista que não admite o conteudismo pré-vestibular; tal atribuição é um contra-senso. Nas palavras de LIBÂNEO (pp. 43-44):
Haverá sempre objeções de que estas considerações levam a posturas antidemocráticas, ao autoritarismo, à centralização no papel do professor e à submissão do aluno. Mas o que será mais democrático: excluir toda forma de direção, deixar tudo à livre expressão, criar um clima amigável para alimentar boas relações, ou garantir aos alunos a aquisição de conteúdos, a análise de modelos sociais que vão lhes fornecer instrumentos para lutar por seus direitos?
(...) Um ponto de vista realista da relação pedagógica não recusa a autoridade pedagógica expressa na sua função de ensinar. Mas não se deve confundir autoridade com autoritarismo.
(...) Por fim, situar o ensino centrado no professor e o ensino centrado no aluno em extremos opostos é quase negar a relação pedagógica porque não há aluno, ou grupo de alunos, aprendendo sozinho, nem um professor ensinando para as paredes. Há um confronto do aluno entre sua cultura e herança cultural da humanidade, entre seu modo de viver e os modelos sociais desejáveis para um projeto novo de sociedade.

E há um professor para ajudá-lo.

Qual é a escola que queremos?
 
Bibliografia
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública - A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 2002 - 18º ed.

Agapito Ribeiro Jr
Maio - 2004

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Com Mérito



Título Original: With Honors
Gênero: Drama
Origem/Ano: EUA/1994
Duração: 101 min
Direção: Alek Keshishian


Um diploma significa ter um título que dá direito a um cargo, dignidade e privilégios. Porém, isso não garante que o diplomado seja competente. Em geral, o diplomado possui conhecimento teórico, mas não prático.

No filme Com Mérito, o personagem Monty (Brendan Fraser) é um formando "CDF" da Harvard. É previsível que ele se detenha somente nos livros e na teoria de seu estudo. Após perder todo seu trabalho de conclusão de curso em seu computador, fica com uma única cópia impressa. O medo de perdê-la o faz correr para tirar cópias do trabalho, mas, no caminho, a deixa cair na janela do porão de uma fábrica.

Monty vai ao porão do prédio e descobre que sua monografia havia sido encontrada por Simon (Joe Pesci), um mendigo, e que ele estava usando os papéis para manter uma fogueira acesa. Quando Simon vê que Monty faria qualquer coisa para ter seu trabalho de volta, ele lhe faz uma proposta: para cada coisa que o rapaz lhe desse - comida, coberta, livros, etc -, o andarilho lhe daria em troca uma folha do trabalho. Em meio a esta convivência forçada, começa uma grande amizade.

É interessante como a película retrata a busca dos estudantes, por meio de suas teses, pelo diploma com mérito. Isso garantiria um emprego imediato. Monty estuda "assuntos governamentais" e é o que mais sofre com as alterações realizadas pelo conselheiro, que consegue perceber que, na prática, as teorias nem sempre se aplicam.

Em uma passagem de Com Mérito, um professor, muito arrogante, desafia o mendigo dizendo que a Constituição norte-americana tinha sido mal feita. Simon contra-argumenta dando um show de conceitos e mostrando todos seus conhecimentos sobre a Constituição. O que ficou subentendido é que só porque parecia um "vagabundo" não significava que era ignorante como todos julgavam.

O relacionamento se tornou real e verdadeiro porque ambos ensinaram lições de vida para o outro. Monty ensinou que nem tudo é feito apenas por interesse e Simon ensinou que nem tudo é o que aparenta ser. O mendigo se envolveu com os cinco estudantes de Harvard e a relação mudou a vida de cada um, pois ele apontou pequenos fatos de suas vidas que passavam despercebidos antes.

A principal lição que Monty aprendeu foi de que seu diploma não valeria nada se apenas conjeturasse algo teórico que na prática poderia não funcionar. Sua tese foi reescrita baseada em sua experiência real e prática.

O objetivo final de um curso é obter o diploma e usá-lo como ponto de referência do seu conhecimento. Monty aprendeu que apesar de não ter sido aprovado com mérito escolar, porque este dependia do prazo de entrega, formou-se com o mérito de ter experimentado as diferenças sociais.

Delton Unglaub (http://www.canaldaimprensa.com.br)