"Eu
 estava deitado na sala da UTI do hospital infantil de Seattle, Estado 
de Washington, EUA, quando, de repente, senti-me em pé, movendo-me com 
incrível velocidade através de um espaço escuro. Eu não via paredes em 
minha volta, no entanto, parecia ser algo como um túnel. Não sentia 
vento, porém, percebia que me deslocava com incrível velocidade. Apesar 
de não entender o porque e para onde eu estava voando, sentia que no 
final do meu vôo algo muito importante me esperava e eu queria chegar ao
 meu destino o mais rápido possível. Finalmente, eu me via em um lugar 
repleto de luz brilhante e então percebi que havia alguém perto de mim. 
Era alguém alto, com longos cabelos dourados; vestia roupa branca 
amarrada no meio com um cinto. Ele não dizia nada, mas eu não tinha medo
 pois, uma enorme paz e amor emanavam dele. Se não era Cristo, devia ser
 um de seus anjos".
Este
 é um dos relatos típicos, reunidos pelo médico pediatra americano Dr. 
Melvin Morse e publicados no livro "Closer to the Light" ('Mais Próximo 
da Luz'). Depois disso, o garoto Dean, de 16 anos, cujos rins pararam de
 funcionar, sentiu que retornou ao seu corpo e voltou a si. Tais 
impressões, tão curtas porém muito fortes, deixaram uma marca profunda 
na alma de Dean. A partir delas, ele se tornou um jovem religioso, o que
 influenciou positivamente a sua vida e a sua família.
Dr. Morse 
observou o primeiro caso de morte temporária no ano de 1982, quando 
conseguiu fazer reviver uma menina de 9 anos chamada Catarina, que se 
afogara numa piscina pública. O relato da menina teve um profundo efeito
 no médico, que até então era cético em relação a todo fenômeno 
espiritual: uma impressão tão forte que ele resolveu dedicar sua vida ao
 estudo científico do que acontece com uma pessoa logo após a morte. No 
caso de Catarina, Dr. Morse admirou-se particularmente com a descrição 
detalhada que a menina deu de tudo o que sucedeu na hora em que se 
encontrava morta clinicamente, tanto no hospital, como em sua casa. Dr. 
Morse se convenceu da veracidade de todas as observações de Catarina.
Após
 ter sido transferido para o Hospital Infantil Ortopédico de Seattle, e 
mais tarde, ao Centro de Medicina de Seatle, Dr. Morse começou a estudar
 sistematicamente a questão da morte. Ele questionava muitas crianças, 
às quais tiveram a experiência da morte clínica; comparava e documentava
 os relatos. Além disso, ele continuava a manter contato com seus jovens
 pacientes e observava o seu desenvolvimento intelectual e espiritual a 
medida que eles cresciam. No seu livro, Dr. Morse afirma que todas as 
crianças que ele conheceu, que sobreviveram à morte temporária, ao 
crescer, tornaram-se jovens sérios e religiosos, moralmente mais "puros"
 que outros jovens que não passaram por tal experiência. Todos eles 
aceitaram o ocorrido como um sinal superior de que é preciso viver para o
 Bem.
Relatos semelhantes sobre a vida após a morte, até há pouco
 tempo, eram publicados apenas na área da literatura religiosa. As 
revistas populares e livros científicos via de regra evitavam esses 
temas. A maior parte dos médicos e psiquiatras mantinham uma postura 
negativa em relação a essas manifestações. Apenas de duas décadas para 
cá, representantes da medicina começaram a se interessar seriamente 
sobre a questão da existência da alma.
Entre as pesquisas sérias e
 sistemáticas sobre a questão da morte, inclui-se a realizada pelo Dr. 
Michael Sabom. Professor de medicina na universidade de Emory e médico 
no hospital para veteranos da cidade de Atlanta, publicou um livro com 
dados precisos e documentados, bem como análises aprofundadas a respeito
 do assunto. Também é valiosa a pesquisa sistemática do psiquiatra 
Kenneth Ring, publicada no livro "Life at Death" ('Vida na Morte'). Dr. 
Ring montou um questionário para ser respondido pelos sobreviventes à 
morte clínica. Nomes de outros médicos que se envolveram nessa questão 
estão citados na bibliografia ao final do texto. Muitos deles eram 
céticos que mudaram sua perspectiva ao analisar muitos e sempre novos 
casos confirmando a realidade da continuidade da consciência (alma) após
 a morte física.
O que a alma vê no "outro mundo"...
A
 morte não é como muitos a imaginam. Tudo indica que, na hora da morte, 
teremos que ver e passar por muitas coisas para as quais muitos não 
estão preparados. Reunindo os relatos das pessoas que sobreviveram à 
morte clínica, emerge o seguinte quadro do que a alma vê e experimenta, 
ao separar-se do corpo: quando a morte se processa e a pessoa atinge o 
limite de desfalecimento, normalmente ela pode ouvir quando o médico a 
declara morta. Em seguida, ela vê um "sósia" seu, - seu próprio corpo 
inerte, - deitado abaixo dela, e muitas vezes até os médicos e 
enfermeiros tentando revivê-lo. Essas imagens inesperadas podem provocar
 um grande choque na pessoa: ela se vê "do lado de fora”. E aí verifica 
que suas capacidades habituais (ver, ouvir, pensar, sentir, etc.) 
continuam a funcionar normalmente, só que agora independentes do corpo 
físico. Flutuando no ar, acima dos outros que se encontram no ambiente, a
 pessoa instintivamente tenta comunicar-se, dizer algo ou tocar alguém. 
Mas percebe que está isolada dos outros e que ninguém reage aos seus 
apelos. Além disso, ela fica admirada ao sentir alívio, serenidade e/ou 
alegria indescritíveis. Não há mais aquela parte do "eu" que sofria, 
exigia algo e queixava-se sempre de tudo. Sentindo tal alívio, a alma 
normalmente não quer voltar ao corpo.
Na maioria dos casos 
documentados da morte temporária, a alma, após observar por alguns 
momentos o que se passa ao redor, volta ao seu corpo físico, e nesse 
momento, o conhecimento do outro mundo é interrompido. Mas, às vezes, a 
alma dirige-se adiante para o mundo espiritual. Nesses casos, alguns 
descrevem essa sensação como o movimento dentro de uma espécie de túnel.
 Após isso, as almas de algumas pessoas vão para um mundo de grande 
beleza, onde às vezes encontram parentes já falecidos. Outras vão parar 
numa região de luz e encontram-se com um "ser de luz", do qual emanam 
grande amor e compreensão. Alguns afirmam que é Jesus Cristo, outros que
 é um anjo. Mas todos concordam que se trata de alguém repleto de 
bondade e compaixão. Alguns, porém, vão parar em lugares tenebrosos e, 
voltando, descrevem terem visto seres cruéis e repugnantes. Ás vezes, o 
encontro com o misterioso ser luminoso é acompanhado de uma "revisão" da
 vida, quando a pessoa começa a relembrar o seu passado e faz uma 
avaliação moral dos seus atos. Após isto, alguns vêem algo semelhante a 
uma “divisão” ou fronteira. Eles sentem que, uma vez ultrapassada esta 
fronteira, não poderão voltar ao mundo físico.
Mas nem todos os 
que sobreviveram à morte temporária passaram por todas essas fases. Uma 
grande porcentagem das pessoas que voltaram à vida não se lembra de 
nada. As etapas citadas são colocadas em ordem de sua frequência 
relativa, começando com as que ocorrem mais frequentemente e terminando 
com as que são mais raras. Segundo os dados do Dr. Ring, aproximadamente
 um em cada sete que se lembram da existência fora do corpo, viu a luz e
 interagiu com o ser de luz.
Graças ao progresso da medicina, a 
reanimação dos mortos passou a ser um procedimento quase padrão em 
muitos hospitais atuais. Antigamente, isso quase não existia. Por isso, 
existe uma certa diferença entre os relatos da vida pós-morte na 
literatura antiga, mais tradicional, e na moderna. Os livros religiosos 
mais antigos contam sobre visões do Paraíso ou do Inferno e sobre 
encontros com anjos ou demônios. Esses relatos podem se chamar de 
descrições do "cosmo distante", já que retratam o mundo espiritual 
distante de nós. Os relatos modernos, anotados pelos médicos, descrevem 
principalmente quadros do "cosmo próximo": as primeiras impressões da 
alma que acaba de deixar o corpo. Esses relatos são interessantes, pois 
complementam a primeira categoria de relatos (dos tempos mais antigos) e
 nos dão a possibilidade de entender com mais clareza aquilo que espera 
cada um de nós. Entre estas duas categorias, está a descrição de K. 
Ixcul, publicada pelo Arcebispo Nikon (Igreja Ortodoxa Russa), em 1916, 
sob o título "Inacreditável Para Muitos, Mas Aconteceu" que abrange os 
dois mundos - o "distante" e o "próximo”. Em 1959, esta obra foi 
reeditada.
K. Ixcul era um típico jovem intelectual da Rússia 
antes da revolução. Ele foi batizado quando criança e cresceu no meio 
ortodoxo, mas como era comum entre os intelectuais, era indiferente à 
religião. Entrava numa igreja de vez em quando, comemorava as festas de 
Natal e Páscoa e até comungava uma vez por ano, mas considerava muitos 
ensinamentos do cristianismo católico ortodoxo como superstições 
arcaicas, inclusive o ensinamento sobre a vida após a morte. Ele tinha 
certeza de que, com a morte, terminava definitivamente a existência do 
ser humano. Certa ocasião, ele teve uma grave pneumonia, que não sarava 
se tornou muito séria. Enfim, foi internado. Ele não pensava sobre a 
morte que se aproximava, e esperava ficar bom logo e recomeçar suas 
atividades habituais. Certa manhã, de repente, sentiu-se muito bem. A 
tosse passou, a febre baixou. Ele pensou que estava curado. Mas, para 
seu espanto, os médicos ficaram preocupados e trouxeram oxigênio. 
Depois, calafrios e uma completa apatia por tudo o que ocorria em sua 
volta. Ele conta:
"Toda a minha atenção concentrou-se em mim 
mesmo... é como se ocorresse bipartição... apareceu o ‘homem interior’, 
que tinha total indiferença ao corpo exterior e ao que ocorria com 
ele... Era espantoso ver e ouvir e ao mesmo tempo sentir desinteresse em
 relação a tudo. O médico faz uma pergunta, eu ouço, entendo, mas não 
respondo. Não tenho porque falar com ele... E de repente, fui puxado 
para baixo, para a terra, por uma força enorme. Eu me agitei. ‘Agonia’, 
disse o médico. Eu entendia tudo, mas não sentia medo. Lembrei-me de ter
 lido que a morte é dolorosa, mas não sentia dor. No entanto, sentia um 
pesar. Eu era puxado para baixo... Eu sentia que algo deveria 
desprender-se... Fiz um esforço para me libertar e, de repente, senti-me
 leve. Eu senti paz. Lembro-me claramente do restante. Eu estou em pé no
 meio do quarto. A minha direita, formando semicírculo em torno da cama,
 estão os médicos e as enfermeiras. Eu estava surpreso: o que eles estão
 fazendo lá, já que eu não estou lá, estou aqui? Aproximei-me para 
olhar. Deitado sobre a cama, estava eu. Ao ver o meu ‘dublê’, não me 
assustei, mas fiquei surpreso - como é possível? Eu quis tocar em mim 
mesmo: minha mão atravessou, como se tivesse atravessado o vazio. Não 
consegui também tocar os outros. Não sentia o chão... Eu chamei o 
médico, mas ele não reagiu. Eu entendi que estava completamente só, e 
entrei em pânico. Olhando o meu corpo físico, pensei: 'Será que eu 
morri?' Mas isso era difícil de admitir. Eu me sentia mais vivo do que 
antes, sentia tudo e entendia. Após um certo tempo, os médicos saíram do
 quarto, os dois enfermeiros começaram a discutir detalhes da minha 
enfermidade e da morte, e a auxiliar fez o sinal da Cruz e em voz alta 
desejou-me o habitual: ‘Que ele tenha o Reino dos Céus, e paz eterna’. 
Mal ela pronunciou essas palavras, apareceram dois anjos. Um deles, eu 
imediatamente o reconheci, era o meu anjo da guarda, o outro eu 
desconhecia. Os dois anjos, pegando-me sob os braços, levaram-me para a 
rua, direto através da parede do hospital. Já escurecia e nevava. Eu via
 isso, mas não sentia nem o frio e nem mudança de temperatura. Nós 
começamos a subir rapidamente".
Graças às novas pesquisas na
 área da reanimação e coletando diversos relatos dos sobreviventes à 
morte clínica, é possível formar um quadro detalhado, sobre o que a alma
 vivencia logo após a separação do corpo. Claro que cada caso tem suas 
características individuais, que os outros não têm. É natural, porque 
quando a alma vai para o "além" é como se ela fosse um bebê recém 
nascido com a visão e audição ainda não desenvolvidos. Por isso, as 
primeiras impressões das pessoas têm caráter subjetivo. No entanto, no 
seu conjunto, elas ajudam a formar um quadro bastante sólido e coeso, 
ainda que não totalmente compreensível para nós.
A seguir, os 
momentos mais característicos das experiências do "outro mundo" cuja 
fonte são os estudos recentes sobre vida após a morte.
1) Visão do "dublê":
 Tendo morrido, o homem não se dá conta disso, imediatamente. E só 
depois de se ver deitado e inerte, embaixo de si mesmo, convence que é 
incapaz de comunicar-se, e percebe que a sua alma saiu do corpo. Às 
vezes, acontece que, após um desastre inesperado, quando a separação do 
corpo físico ocorre brusca e inesperadamente, a alma não reconhece o seu
 corpo e pensa que está vendo alguém parecido com ele. A visão do 
“dublê” e a incapacidade de comunicar-se provocam um grande choque na 
alma, de modo que ela não tem certeza se isto é sonho ou realidade.
2) Consciência não rompida:
 Todos os sobreviventes à morte temporária testemunham que conservaram 
totalmente o seu "eu" e todas as suas capacidades mentais, sensoriais e 
de vontade. Mais que isso, a visão e a audição tornam-se até mais 
aguçadas, o raciocínio fica mais claro e torna-se mais enérgico e a 
memória torna-se lúcida. Pessoas que he muito tempo perderam alguma 
capacidade em conseqüência de doença ou da idade, a recuperam. 
Percebe-se que é possível ver, ouvir, pensar e sentir, mesmo não tendo 
órgãos físicos. É particularmente fantástico, por exemplo, que um cego 
de nascença, tendo saído do corpo, viu tudo que era feito com o seu 
corpo pelos médicos e enfermeiros; e ao retornar, após relatar todo o 
ocorrido, voltou a ser cego. Os médicos e psiquiatras, que associam as 
funções de pensar e de sentir aos processos químico-elétricos no 
cérebro, devem levar em conta esses dados modernos, compilados por 
médicos - reanimadores para entender corretamente a natureza humana.
3) Alívio:
 Normalmente, a morte é precedida pela doença e sofrimento.Ao sair do 
corpo a alma se alegra, pois nada mais dói, nada oprime, nada sufoca, a 
mente funciona claramente, os sentimentos apaziguados. O homem começa a 
identificar-se com a alma, e o corpo parece ser algo secundário e 
inútil, como tudo que é material. "Eu saio, e o corpo é um invólucro 
vazio" - explica um homem que sobreviveu à morte temporária. Ele 
assistiu à sua cirurgia cardíaca como se fosse um "espectador." As 
tentativas de reanimar o seu corpo, absolutamente não o interessavam. 
Aparentemente, ele tinha se despedido mentalmente da vida terrena e 
estava pronto para iniciar uma nova vida. Entretanto, permanecia com ele
 o amor pela família e preocupação com os filhos que deixava. Deve-se 
notar que, nesse momento, mudanças radicais no caráter do indivíduo não 
ocorrem. O indivíduo permanece o mesmo que era. "A suposição que, 
abandonando o corpo, a alma imediatamente passa a conhecer e entender 
tudo, é falsa. Eu vim para esse novo mundo do mesmo jeito como saí do 
velho," - conta K. Ixcul.
4) O Túnel e a Luz: 
Após a visão do seu próprio corpo físico e do ambiente que o rodeia, 
algumas almas continuam no outro mundo espiritual, enquanto outras não 
passam pela primeira fase ou não reparam nela e vão direto para o 
segundo estágio. A passagem para o mundo espiritual, alguns descrevem 
como sendo uma viagem através do espaço escuro, lembrando um túnel, no 
final do qual eles vão parar numa região de luz não terrena. Existe um 
quadro do século XV, de Jerônimo Bosch (1450 - 1516), intitulado 
"Ascensão ao Empírico" (abaixo) que representa algo semelhante à 
passagem da alma pelo túnel. Isso pode significar que mesmo naquele 
tempo alguém já tinha acesso a esse conhecimento.
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A
 maioria testemunha sobre a Luz, como sendo um “ser” moralmente bondoso,
 e não como uma energia impessoal, alguém que leva paz e amor. No 
encontro com a Luz, eles não conversam em nenhum idioma. A Luz se 
comunica com eles “mentalmente”. Nesse momento, tudo era tão claro, que 
seria absolutamente impossível esconder algo da Luz.
5. Revisão e julgamento:
 Alguns, que sobreviveram à morte temporária, descrevem a etapa de 
“revisão da vida” que tiveram. Às vezes, a revisão ocorria durante a 
etapa da visão da Luz, quando o homem ouvia da Luz uma pergunta do tipo:
 “O que você fez de bom?" A pergunta não era feita para se saber algo, 
mas para que a pessoa pudesse recordar a sua vida. E assim, o “filme” da
 vida terrena individual “passava” perante sua visão espiritual, 
começando desde a tenra infância. O “filme da vida” se move como uma 
sequência de quadros de episódios da vida, um após o outro, e a pessoa 
vê claramente e com detalhes tudo que aconteceu com ela. Nesse momento, 
se revive conscientemente e se reavalia tudo aquilo que se viveu. Eis um
 dos casos típicos que ilustra o processo da revisão: 
"Quando a Luz 
chegou, ouvi a pergunta: ‘O que você fez em sua vida? O que pode me 
mostrar?’ ou algo semelhante a isso. E então, começaram a aparecer esses
 quadros. Eram quadros muito nítidos, coloridos, tridimensionais e em 
movimento. Toda a minha vida passou por mim... Eis eu, ainda uma menina 
pequena, brincando com a irmã perto do riacho... Depois, os 
acontecimentos da minha casa... escola... casamento... Tudo seguia na 
minha frente com todos os detalhes minúcias. Eu revivia esses 
acontecimentos... Eu vi às vezes em que fui cruel e egoísta. Senti 
vergonha de mim mesma e desejava que isto nunca tivesse acontecido. Mas,
 era impossível mudar o passado..." (‘Life after life’, pg. 65-68)
Reunindo
 muitos relatos de pessoas que passaram pela revisão da vida, deve-se 
concluir que ela sempre deixa nelas uma impressão profunda e benéfica. 
Realmente, durante essa revisão, a pessoa é forçada a reavaliar seus 
atos, fazer o balanço do seu passado e assim é como se fizesse um 
julgamento sobre si mesmo. Na vida diária, as pessoas escondem o lado 
negativo do seu caráter e escondem-se atrás de uma “máscara de virtude”,
 para parecerem melhores do que realmente são. A maioria das pessoas 
está tão acostumada com a hipocrisia, que deixaram de ver o seu 
verdadeiro eu. Mas, no momento da morte, essa máscara cai e a pessoa se 
vê tal qual realmente é. Principalmente, no momento da revisão, torna-se
 visível a cada um os seus atos ocultos: ouve-se cada palavra dita, cada
 acontecimento esquecido é revivido. Nesse momento, tudo que se 
conseguiu durante a vida - situação sócio-econômica, diplomas, títulos, 
etc. perde seu sentido. A única coisa que serve para avaliação é o lado 
moral dos atos. E, nessa hora, a pessoa se julga não apenas pelo o que 
ela fez, mas também, como seus atos e palavras influenciaram outras 
pessoas. Outra pessoa descrevendo a revisão da sua vida:
"Senti-me
 fora do meu corpo, flutuando sobre um edifício, e vi o meu corpo 
deitado lá embaixo. Depois, uma luz me envolveu e nela eu vi como se 
fosse um filme de toda a minha vida. Senti-me muito envergonhado, porque
 muito do que eu antes considerava normal e aprovava, agora entendi que 
não era bom. Tudo era extremamente real. Eu sentia que um julgamento 
ocorria comigo e que uma razão superior me comandava e me ajudava a ver.
 O que mais me impressionou foi que me foi mostrado não apenas o que fiz
 mas como meus atos influenciaram outros... Aí eu entendi, que nada se 
apaga e nem passa em branco, mas que tudo, até os pensamentos, tem 
consequências." (‘Reflections on Life after Life’, pg. 3,4-5)
Se
 perguntar a alguém que experimentou a morte clínica, quanto tempo durou
 este estado, normalmente ele não é capaz de responder. As pessoas 
perdem completamente a noção do tempo. 
"Poderia ter sido alguns minutos, ou anos, não há nenhuma diferença" (‘Reflections on Life after Life’, pág.s 101; ‘Recollections of Death’, pág. 15).
7. O aspecto da alma:
 Quando a alma abandona o seu corpo, desaparecem marcas da idade; as 
crianças se vêem adultos, os velhos, moços (‘The Light Beyond’, pág. 
75-76). As partes do corpo, por exemplo, mãos ou pernas perdidas por 
algum motivo, aparecem novamente. Os cegos voltam a enxergar.
8. Encontros:
 Alguns relatam encontros com parentes ou conhecidos já falecidos. Esses
 encontros às vezes aconteciam em condições terrenas, e às vezes em 
ambientes do outro mundo. Assim, por exemplo, uma mulher que passou pela
 morte temporária, ouviu os médicos dizendo aos seus parentes que ela 
estava morrendo. Tendo saído do corpo, viu seus parentes e amigos 
falecidos. Ela os reconheceu e eles estavam alegres por reencontrá-la. 
Outra mulher viu seus parentes que a cumprimentavam e apertavam suas 
mãos. Eles estavam vestidos de branco, estavam contentes e pareciam 
felizes: 
"..E de repente, virando de costas para mim, começaram a 
afastar-se. A minha avó, virando-se por sobre o ombro, me disse: ‘Nós te
 veremos mais tarde, não desta vez’. Ela tinha morrido aos 96 anos, mas 
lá parecia ter 40-45 anos, sadia e feliz". (Life After Life, pág. 55)
10. O Limiar:
 Alguns, estando no outro mundo, descrevem algo que parece ser uma 
divisa ou fronteira. Alguns a descrevem como sendo uma cerca ou grade na
 extremidade de um campo, outros como a beira de um lago ou de um mar, 
outros ainda como um portão, rio ou nuvem. A diferença na descrição 
decorre de novo da recepção subjetiva de cada um. O importante, no 
entanto, é que todos a compreendam exatamente como uma fronteira, 
atravessando a qual, não há mais retorno ao mundo anterior. Depois dela,
 começa a viagem para a Eternidade.
11. O Retorno:
 Às vezes, é dado ao recém-falecido a possibilidade de escolha: ficar ou
 retornar à vida na Terra. A voz da Luz pode perguntar, por exemplo: 
"Você está pronto?" Assim, o soldado ferido seriamente no campo de 
batalha viu seu corpo aleijado e ouviu a voz. Ele pensava que quem 
conversava com ele era Jesus Cristo. Foi lhe dado a possibilidade de 
voltar ao mundo terrestre, onde ficaria aleijado, ou ficar no "além." O 
soldado preferiu voltar. Muitos são atraídos de volta pelo desejo de 
concluir a sua missão terrena. Tendo voltado, afirmam que Deus permitiu a
 eles retornar e viver porque a sua missão de vida não estava concluída.
 Esta escolha foi satisfeita porque ela era fruto do senso de dever e 
não por motivos egoístas.
12. Uma Nova Atitude em Relação à Vida:
 Pessoas que estiveram mortas e viveram experiências "extra-físicas" 
apresentam grandes mudanças. Segundo afirmativa de muitos deles, ao 
voltar, procuram viver melhor. Muitos deles passaram a crer em Deus com 
mais convicção, mudaram seu modo de vida, tornaram-se mais sérios e mais
 profundos. Alguns até mudaram de profissão, indo trabalhar em hospitais
 e asilos de idosos, para ajudar os que necessitam. Todos os relatos de 
pessoas que passaram por morte temporária falam de fenômenos totalmente 
novos para a ciência, mas não para as religiões.
Mas nem todos os
 temporariamente mortos viram a luz. Os estudos detalhados do Dr. Ring 
mostram que a Luz aparece a uma porcentagem relativamente pequena das 
pessoas que tiveram experiências de morte temporária. Dr. Maurice 
Rawlings, que reanimou pessoalmente muitos moribundos, afirma que, 
percentualmente, o número de pessoas que vêem trevas e horrores é 
tecnicamente o mesmo do que as que vêem a Luz. Essa é a opinião também 
do Dr. Charles Garfield, que lidera pesquisas na área dos estados 
próximos à morte. Ele escreve: 
"Nem todos morrem de uma forma 
tranquila e agradável... Entre os pacientes questionados por mim, há 
quase o mesmo número de pessoas que experimentaram sensações 
desagradáveis e/ou encontros com seres semelhantes ao demônio, quanto as
 que tiveram sensações agradáveis. Alguns deles experimentaram ambas as 
sensações" (10, pág. 54-55).
Há base para supor que muitos, 
consciente ou inconscientemente, calam sobre suas sensações 
desagradáveis pós-morte. A impressão do Dr. Rawlings é que algumas 
visões são tão horríveis que o inconsciente das pessoas que as viram, 
automaticamente as apaga da memória (esquecimento seletivo). No seu 
livro, traz exemplos dessas amnésias. Além disso, pessoas que tiveram 
visões luminosas demonstram uma maior disposição para relatar suas 
experiências do que as que tiveram visões terríveis. Desta forma, foram 
detectados dois fatores que desequilibram a preponderância dos 
relatórios: 
a) o processo da amnésia seletiva e 
b) não querer “espalhar” coisas ruins a respeito de si mesmo.
Tudo
 leva a crer que essas diferenças radicais na qualidade das experiências
 depende diretamente daquilo que a pessoa foi em vida. Dependem, 
basicamente, do que ela acredita e de qual foi o seu modo de vida até a 
experiência. Os suicidas, especialmente, vivem experiências 
aterrorizantes. A impressão comum dos médicos reanimadores é que o 
suicídio provoca um terror realmente extraordinário. Dr. Bruce Greyson, 
psiquiatra do setor do pronto-socorro junto à Universidade de 
Connecticut, tendo estudado essa questão, testemunha que, 
"dentre os que passaram pela morte temporária, ninguém, por nada, quer acelerar o fim da sua vida".
 Apesar do "outro mundo" ser incomparavelmente melhor que o nosso, a 
nossa vida aqui tem um significado preparatório muito importante. 
Somente Deus decide quando o homem está suficientemente maduro para a 
eternidade.
O conhecido pesquisador Carl Osis testemunha que, 
durante a pesquisa na Índia, revelou-se que durante o processo da morte 
aproximadamente um terço dos hindus experimenta medo, depressão e grande
 nervosismo pela aparição de 
"yamdats”, os demônios do além. 
Aparentemente, o hinduismo pode proporcionar uma aproximação com forças 
indesejáveis, o que se manifesta em visões assustadoras nos momentos que
 precedem a morte.
Segundo o Bispo Alexander Mileant, da Igreja Ortodoxa Russa: 
"Se
 o homem é orgulhoso e deseja ardentemente ver algo sobrenatural, 
milagroso, algo que outras pessoas não conseguem, ele se encontra em 
grande perigo de tomar o demônio por anjo. Na literatura espiritual, 
este estado chama-se 'sedução' (‘pvélest’ em russo)
. Correm 
perigo de cair nesta 'sedução' os servidores de Deus vaidosos, os 
'profetas' e curandeiros autodenominados e também pessoas que praticam 
mística pouco saudável... Dos relatos das pessoas que passaram por morte
 temporária não se apreende que eles praticassem algo semelhante. Na 
maioria dos casos, eram pessoas comuns, que por força de uma ou outra 
doença física morreram, mas, graças aos esforços dos médicos e ao 
sucesso da medicina moderna, foram reanimadas. Elas não esperavam ter 
nenhuma visão sobrenatural, e aquilo que lhes foi dado ver, foi obra da 
Misericórdia Divina, para que elas encarassem a vida de uma forma mais 
séria. Nos livros ortodoxos a respeito da vida pós morte há relatos 
sobre aparições de demônios aos moribundos e sobre a passagem das almas.
 No entanto, esses livros mostram que os demônios, normalmente, começam a
 atemorizar a alma após a chegada do anjo da guarda, que a acompanha no 
caminho ao Trono de Deus. Além disso, na presença do anjo, os demônios 
são obrigados a mostrar-se com sua real aparência abominável. Deus, por 
sua Misericórdia, mostra essa Luz maravilhosa para reforçar a vida na 
virtude. O contato com essa Luz sempre revela sentimentos de paz e 
felicidade. A luz do demônio, ao contrário, traz consigo um sentimento 
de obscura inquietação. Ela incute no homem um sentimento de 
superioridade, promete conhecimentos, mas não há amor nela, é uma luz 
fria".
A Sra. Beverly, aos 47 anos (um caso famoso entre os 
especialistas), contou como está feliz por estar viva. Desde a infância,
 ela sofreu muito nas mãos de pais cruéis que a torturavam diariamente. 
Já na maturidade, ela não podia contar sobre sua infância sem ficar 
estressada. Uma vez, quando estava com 7 anos, levada ao desespero pelos
 pais, atirou-se no chão de cabeça para baixo e quebrou a cabeça no 
piso. Durante a sua morte clínica, sua alma viu as crianças, suas 
conhecidas, em torno do seu corpo inerte. De repente, uma luz brilhante 
apareceu, e uma voz desconhecida lhe disse: "Você cometeu um erro, sua 
vida não lhe pertence e você deve voltar". Beverly retrucou: "Mas 
ninguém me ama e ninguém quer cuidar de mim". - "Isso é verdade" - disse
 a voz - "e no futuro ninguém vai cuidar de você. Por isto, aprenda a se
 cuidar". Após estas palavras, Beverly viu neve à sua volta e uma árvore
 seca. Mas, de algum lugar veio calor, a neve derreteu e os galhos secos
 da árvore cobriram-se de folhas e de maçãs maduras. Então aproximou-se 
da árvore e começou a colher as maçãs e a comê-las, o que lhe deu muito 
prazer. Nesse momento compreendeu que, assim como na natureza, cada vida
 tem seus períodos de inverno e de verão, os quais constituem um Todo no
 Grande Plano. Quando Beverly reviveu, ela começou a encarar a vida de 
uma maneira completamente nova. Tendo crescido, casou-se com um homem 
carinhoso e compreensivo, teve filhos e foi feliz .
Fontes e bibliografia:
MOODY, Raymond A. MD. Life after Life, New York: Bantam Books, 1978;
MOODY, Raymond A. MD. Reflections on Life after Life, New York: Bantam Books, 1978;
MOODY, Raymond A. MD. The Light Beyond, New York: Bantam Books, 1978;
MORSE, Melvin, MD. Closes to the Light, New York: Ivy Books, 1990;
SABOM, Michael, MD. Recollections of Death, New York: Harper & Raw Publishers, 1982;
RING, Kenneth, PhD. Life at Death, New York: QUILL, 1982;
MORSE, Melvin, MD. To Hell and Back, New York: Ivy Books/Ballantine Books, 1990;
ROSE, Hiero Monge Seraphim. The Soul After Death, California: Saint Herman of Alaska Brotherhood/Platina, 1980;
ANKENBERT, J. & WELDON, J. The Facts of Life After Death, Oregon: Harvest House Publishers/Eugene, 1992;
KASTENBAUM, Robert. Is There Life After Death?, New York: Prentice Hall, 1984;
* Este artigo é baseado nos textos do Bispo Alexander Mileant, da Igreja Ortodoxa Russa.