sábado, 18 de maio de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Fold doloroso é Fold Bom
Apesar de o título da matéria ser 
bem peculiar, eu realmente acredito que a maioria dos folds chorados que
 acabo dando está correta. Mas por que são tão dolorosos assim? Nesta 
edição, vou comentar sobre uma mão que aconteceu comigo no Bellagio, 
numa mesa 10-20 NL de cash, que ilustra bem essa ideia.
Muitas vezes, quando a gente segue
 um raciocínio complexo, mas que faz bastante sentido, ele é complicado 
de se executar, seja pelas odds ou mesmo por curiosidade. É assim que a 
minha mente funciona e, às vezes, um fold que parece muito complicado, 
mas que faz sentido para mim e que seria coerente, acaba virando um call
 ruim (ou crying-call, como dizemos na linguagem do poker).
Tudo bem que o nível dos cash 
games que eu venho jogando é muito alto. Vegas e Los Angeles são 
recheadas de profissionais regulares e jogadores muito bons que mantêm 
outras atividades como principal fonte de renda e resolvem comparecer 
uma ou duas vezes por semana, fora o final de semana. Especialmente 
contra essa turma, muitas decisões acabam sendo complicadíssimas. A mão 
que vou apresentar para vocês foi realmente muito intrigante, por vários
 aspectos, e acho que ela vai lhes mostrar vários nuances do cash game.
Eu tinha um stack de 6K e era o 
dealer. Um jogador tight aumentou para 175 do UTG, seguido de um call em
 MP (loose) e eu, com 3-3, dei call também. Vamos ao flop em três 
jogadores, que vem com J♦Q♦3♣. Eu finalmente havia acertado a minha trinca depois de 6 horas jogando com um lucro momentâneo de 2K.
Apenas lembrando, os jogos 10-20 
NL do Bellagio são muito fortes. A maioria se senta com mais de 5K, e 
não é surpresa nenhuma encontrar jogadores com 20K na mesa. O jogo é 
ultra deep stacked, e é por isso que eu gosto dele: acabo entrando com 
uma frente "modesta" de 200 big blinds e sou considerado short stacked, 
conseguindo explorar situações interessantes a que sou submetido muitas 
vezes.
Enfim, tenho posição e estou 
trincadinho no flop. O UTG sai disparando 350 num pote de 555 dólares. O
 MP, jogador bem centrado e loose (eita combinação forte – o cara era 
muito bom mesmo, dinamarquês) dá call, e a ação chega a mim com o pote 
valendo $1.255. Nesse momento, era difícil analisar o que os meus 
adversários tinham. Era possível desde um overpair, top pair com kicker 
alto (na mão do tight que subiu forte pré-flop) e até mesmo um straight 
draw ou um flush draw, ou Q-J (na mão do MP, com as combinações de mão 
do tight).
Para mim, aquela não era uma 
situação ideal para dar call e fazer slowplay, afinal, eu estava jogando
 contra mãos indefinidas de dois bons jogadores, com um bordo totalmente
 aberto e num pote em que já há um valor considerável. Eu vinha 
apresentando um jogo sólido e bem mixado, portanto poderia sim ser 
colocado num possível draw e ganhar muitas fichas. Após ter decidido que
 a jogada mais lucrativa seria o reraise, fiquei pensando num valor bom 
para manter um dos dois na jogada e representar que estava tentando 
roubar o pote mesmo, num semiblefe. Apliquei um raise para 1K 
redondinho. Mostrei muita força, não? (Ainda foi uma aposta menor que o 
valor do pote). O UTG pensou um pouco e deu fold – isso me fez achar que
 ele largou algo como A-Q ou K-K –, mas o meu segundo adversário deu o 
call mais rápido que eu já vi.
Nesse momento o pote continha $2.905, eu tinha $4.825 para trás e o vilão, cerca de 9K. O turn é um 5♠.
 Acho que não teria uma carta mais bonita do que essa no turn, e eu tive
 que me redobrar na concentração para não abrir um sorrisão na mesa. Ele
 pensou muito e deu check. Meu raciocínio agora é bem simples, mas 
duplo: se eu der uma free card para ele, corro o risco de perder um pote
 de 3K no river contra muitas cartas que podem azedar o meu pudim; se eu
 apostar um valor muito forte, corro o risco de não tomar o call por 
vários motivos, como, por exemplo, ele desistir de quedas para flush ou 
straight simples ou até mesmo dar fold em K-Q ou A-Q acreditando que eu 
tenha uma mão mais forte do que um draw, por ter disparado a segunda 
aposta em vez de controlar o pote. Como eu disse, essa é uma mão muito 
complicada e cheia de nuances.
Novamente decidi que apostar seria
 a jogada mais lucrativa. Se apostasse sem me comprometer completamente 
com o pote, ele poderia voltar all-in com um par, imaginando que eu 
acelerei a ação no flop com um semiblefe. (Caso ele tenha Q-J, por 
exemplo, creio que em 100% das vezes ele voltaria a casa no turn. Sei 
que ele tem 100% de certeza de que eu não posso estar blefando 
completamente nessa situação.) Apostei $1.900 num pote de $2.900 e ele, 
depois de pensar bastante, acabou dando call novamente. Estou muito 
contente com a minha jogada, pois está tudo correndo perfeitamente e eu 
estou escondendo sim a força da minha mão ao apostar no flop e no turn.
O river é um K♠, deixando o bordo com J♦Q♦3♣5♠K♠.
 Essa carta impede qualquer flush, mas completa um possível straight 
draw. Fiquei com $2.925 para trás num pote de $6.705 e, para minha 
surpresa, ele pergunta quanto eu tenho de frente e aposta $2.500. Foi 
uma surpresa gigantesca, pois eu esperava essa pergunta no turn, mas não
 no river, oras! Aí eu fiquei realmente com a pulga atrás da orelha. A 
situação aqui tinha mudado completamente. Se eu desse call no pote de 
$11.705, teria odds de 1-para-4,7 (geral), sendo $2.500 para ganhar 
$11.705. Pela nonagésima vez nessa mão eu repito: a situação era 
complicadíssima – e tudo mudou completamente de figura nesse instante.
Comecei a imaginar que ele poderia ter T♦9♦ com duas pontas e flush draw no flop, ou A♦T♦
 com nut flush draw e queda na gaveta (a famosa “broca cara”), e 
resolveu jogar a mão de maneira diferente. Achei também que ele poderia 
estar fazendo slowplay com uma trinca de damas ou de valetes. Todas as 
outras mãos com valor de showdown e flush draws que não bateram pediriam
 mesa no river. Eu estava convicto disso.
Mas, e aí? Como eu faço para dar fold nessa trinca no river com essas odds?
Fui lá no fundo do baú e encontrei
 a minha teoria, que dá título a essa matéria: Fold doloroso é fold bom!
 (Em sua grande maioria). E, depois de reanalisar a jogada e ter muita 
consciência de que eu não estaria ganhando com a minha trinca baixa no 
river contra esse perfil de jogador nesse tipo de jogada, optei pelo 
fold. Demorei uns 10 minutos ou mais, foi tenso, mas acabei largando 
mesmo. Foi muito mais do que complicado esse fold, pois eu sei que o 
vilão é tão inteligente que é capaz de apostar no river até não tendo 
completado a pedida, pois sabe que essa é a única maneira de ele levar a
 mão caso eu estivesse semiblefando o caminho inteiro (com um ás, por 
exemplo). Por mais que improvável que fosse, ele era capaz disso, mas, 
como eu disse, seria bem improvável, e fatos improváveis têm que me 
ajudar a dar um bom fold na esmagadora maioria das vezes.
Depois que eu disse que estava dando fold na mão, ele disse: Você tinha Q-J?
Eu disse: Não, tinha trinca.
Ele respondeu: Você deu fold numa trinca aí? Você está falando sério?
Eu disse: Com dor no coração, mas dei.
Ele replicou: Se você mostrar a trinca eu mostro a minha mão.
E eu, com uma vergonha danada de mostrar a trinca e ficar com cara de tonto quando o cara abrisse qualquer mão pior que a minha, disse: Eu mostro. E abri 3-3 para trinca no flop.
Ele soltou as palavras: Você não pode dar esse fold, tá maluco? O que é isso?! E abre T-9... Straight no river...
Em português mesmo para ninguém entender nada na mesa, eu falei alto batendo na mesa: “Fold doloroso é Fold bom, seu Mojave! Esse é o jogo, garoto!”
Eu disse: Não, tinha trinca.
Ele respondeu: Você deu fold numa trinca aí? Você está falando sério?
Eu disse: Com dor no coração, mas dei.
Ele replicou: Se você mostrar a trinca eu mostro a minha mão.
E eu, com uma vergonha danada de mostrar a trinca e ficar com cara de tonto quando o cara abrisse qualquer mão pior que a minha, disse: Eu mostro. E abri 3-3 para trinca no flop.
Ele soltou as palavras: Você não pode dar esse fold, tá maluco? O que é isso?! E abre T-9... Straight no river...
Em português mesmo para ninguém entender nada na mesa, eu falei alto batendo na mesa: “Fold doloroso é Fold bom, seu Mojave! Esse é o jogo, garoto!”
Muitas vezes, nessa situação, você
 acaba não sabendo se o fold foi bom ou ruim, pois ou é maravilhosamente
 bom ou é incrivelmente ruim. Não tem meio termo. Já dormi muitas vezes 
com essa sensação ruim, mas também já aprendi a esquecer isso mais 
facilmente (se bem que nunca é simples assim).
Felipe Mojave, http://www.cardplayerbrasil.com 
Gráfico de torneios
Resolvi olhar o gráfico da minha fase de jogador de MTTs e SNGs MTTs.
Joguei 625 torneios, com um ROI de 72% e ITM em 24,9%. Por enquanto está excelente.. Vamos ver se isso não muda muito daqui a alguns meses.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Gravação Secreta Revela Participação de Annie Duke em Golpe do UB
Na última sexta-feira, uma nova evidência surgiu sobre o antigo 
escândalo de super contas do finado UltimateBet, confirmando a 
responsabilidade de Russ Hamilton sobre todo o golpe.
O esquema de Hamilton era uma ferramenta escondida no software do UltimateBet que permitia que pessoas específicas jogassem vendo todas as cartas de seus adversários. No total, mais de US$20 milhões foram roubados desta maneira.
A gravação, com duração de mais de três horas, foi revelada por Travis Makar, ex-consultor de tecnologia de Hamilton, que secretamente gravou uma reunião de seu empregador com outros participantes no esquema, como o empresário Greg Pierson, os advogados do site Daniel Friedberg e Sanford Millar.
A reunião aconteceu em 2008 – quando a trapaça foi descoberta por jogadores do site - e nela Hamilton e seus comparsas discutem detalhes do esquema e maneiras de acobertarem a situação, incluindo o pagamento de alguns poucos jogadores prejudicados, numa tentativa de demonstrar a inocência do UB.
Segundo a gravação, Russ Hamilton claramente admite que foi o responsável pelo roubo de US$16 milhões das contas dos jogadores. Ele diz ainda que utilizou parte deste dinheiro para pagar impostos e até mesmo bancar promoções do site. Além disso, Hamilton disse que o dinheiro roubado também foi utilizado para pagar buy-ins de jogadores patrocinados em torneios ao vivo.
Na discussão, alguns nomes conhecidos surgem, como Mike Matusow e Prahlad Friedman, que são revelados como prejudicados pelo golpe. Mas o maior nome revelado é o de Annie Duke, até então nunca relacionada com o esquema. De acordo com Russ Hamilton, a ex-representante do UltimateBet e irmã de Howard Lederer também se aproveitou da "superconta”, com um delay de 15 minutos - o que não a permitia ver as cartas no momento em que eram jogadas, mas ainda dava vantagem sobre mãos não reveladas em hand histories.
Também foi dito que o ator e diretor de Hollywood Ben Affleck esteve entre os prejudicados. Segundo a gravação, havia um software que informava Russ Hamilton sempre que Affleck sentava em uma das mesas do UB. Com isso, Hamilton roubou mais de US$500 mil de Affleck.
Phil Hellmuth também foi citado na gravação, mas não como participante do esquema. Na conversa é dito que Hellmuth não estava relacionado ao golpe, mas que pode ter suspeitado de tudo, e que os golpistas pretendiam utilizá-lo como maneira de controlar os danos.
Indiretamente, a gravação atinge a credibilidade até mesmo de Barry Greenstein, que embora não esteja relacioado ao esquema, diversas vezes defendeu publicamente Russ Hamilton, seu amigo pessoal.
O esquema de Hamilton era uma ferramenta escondida no software do UltimateBet que permitia que pessoas específicas jogassem vendo todas as cartas de seus adversários. No total, mais de US$20 milhões foram roubados desta maneira.
A gravação, com duração de mais de três horas, foi revelada por Travis Makar, ex-consultor de tecnologia de Hamilton, que secretamente gravou uma reunião de seu empregador com outros participantes no esquema, como o empresário Greg Pierson, os advogados do site Daniel Friedberg e Sanford Millar.
A reunião aconteceu em 2008 – quando a trapaça foi descoberta por jogadores do site - e nela Hamilton e seus comparsas discutem detalhes do esquema e maneiras de acobertarem a situação, incluindo o pagamento de alguns poucos jogadores prejudicados, numa tentativa de demonstrar a inocência do UB.
Segundo a gravação, Russ Hamilton claramente admite que foi o responsável pelo roubo de US$16 milhões das contas dos jogadores. Ele diz ainda que utilizou parte deste dinheiro para pagar impostos e até mesmo bancar promoções do site. Além disso, Hamilton disse que o dinheiro roubado também foi utilizado para pagar buy-ins de jogadores patrocinados em torneios ao vivo.
Na discussão, alguns nomes conhecidos surgem, como Mike Matusow e Prahlad Friedman, que são revelados como prejudicados pelo golpe. Mas o maior nome revelado é o de Annie Duke, até então nunca relacionada com o esquema. De acordo com Russ Hamilton, a ex-representante do UltimateBet e irmã de Howard Lederer também se aproveitou da "superconta”, com um delay de 15 minutos - o que não a permitia ver as cartas no momento em que eram jogadas, mas ainda dava vantagem sobre mãos não reveladas em hand histories.
Também foi dito que o ator e diretor de Hollywood Ben Affleck esteve entre os prejudicados. Segundo a gravação, havia um software que informava Russ Hamilton sempre que Affleck sentava em uma das mesas do UB. Com isso, Hamilton roubou mais de US$500 mil de Affleck.
Phil Hellmuth também foi citado na gravação, mas não como participante do esquema. Na conversa é dito que Hellmuth não estava relacionado ao golpe, mas que pode ter suspeitado de tudo, e que os golpistas pretendiam utilizá-lo como maneira de controlar os danos.
Indiretamente, a gravação atinge a credibilidade até mesmo de Barry Greenstein, que embora não esteja relacioado ao esquema, diversas vezes defendeu publicamente Russ Hamilton, seu amigo pessoal.
 Retirado de pokerstrategy.com 
domingo, 12 de maio de 2013
Assinar:
Comentários (Atom)

