quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quem Foi Stu Ungar? - O Pelé do pôquer


O maior jogador de pôquer da história só perdeu para a cocaína e para as corridas de cachorros
Álvaro Oppermann

Ninguém ganhou mais torneios em Las Vegas ou jogou tão bem nas mesas de pôquer quanto Stu Ungar. Seu raciocínio e elaboração de estratégias eram fora do comum. Suas partidas eram espetáculos. Alguém falou em Pelé? Melhor pensar numa síntese de Pelé e Garrincha.
Stu nasceu em 1953 em Nova York. O pai, um imigrante judeu, ganhava a vida como bookmaker em corridas de cavalos. A mãe era fanática por pôquer. Com 7 anos, Ungar aprendeu as manhas do jogo. Com 10, já era craque e aos 15 caiu nas graças da família Genovese, da máfia, ganhando acesso aos clubes ilegais de carteado. Em 1978, não tendo mais de quem ganhar na sua região, foi para Las Vegas. Na sua primeira partida de pôquer nos cassinos locais, perdeu 20 mil dólares em 15 minutos, mas depois de 36 horas na mesa recuperou a quantia e ainda amealhou outros 27 mil dólares. Em 1980, com 26 anos, foi campeão mundial. Levou 365 mil dólares para casa. No ano seguinte, foi bicampeão.
Até Stu aparecer em Vegas, o pôquer era dominado por caubóis. Carismático, logo virou pop star na cidade. Era galanteador com as mulheres e implacável com os adversários. Tinha memória fotográfica absoluta: se visse rapidamente as cartas sendo embaralhadas, saberia depois qual a combinação de cada pessoa na mesa. Somado à sua agressividade, à frieza para blefar com milhares de dólares e a capacidade de perceber na cara de seus adversários o que estavam planejando, ele amedrontava quem jogasse com ele. "Seu cérebro funcionava 99% mais rápido do que o de qualquer outra pessoa na mesa", dizia o jogador Mike Sexon.
Sua saúde, no entanto, tinha dois adversários: as noitadas com mulheres e a cocaína. O seu bolso tinha um ainda pior: ele não passava um dia sem apostar, principalmente em corridas de cachorros (jogo que adorava, mas do qual não entendia nada). Ficou pobre. Em 1997, com dinheiro emprestado, conseguiu ainda entrar – e vencer – pela última vez o campeonato mundial. Gastou em 4 meses o prêmio de 1 milhão de dólares e, em 1998, numa espelunca em Las Vegas, o destino lhe deu a cartada final. Foi encontrado morto por ataque cardíaco, sujo como um mendigo. Dos 30 milhões de dólares que ganhou em sua carreira, restavam-lhe 800. Bem, no jogo da vida, a casa sempre ganha. Até de Stu Ungar.

• Foi quem mais faturou no pôquer. Ganhou 3 vezes cada um dos dois torneios mais importantes, além de 10 outros campeonatos de apostas altas. Os craques que mais se aproximaram disso ganharam só a metade.
• Era desorganizado. Nunca abriu uma conta bancária. Ficou milionário e perdeu tudo pelo menos 4 vezes na vida. Uma vez, com 3 milhões de dólares no bolso, teve a luz cortada por falta de pagamento.
• Aparentava ser mais jovem do que era. Aos 35, precisou tirar do bolso um maço de 10 mil dólares e mostrar a um garçom, como prova de que era maior de idade.

Artigo traduzido: Não leia essa dica, por Phil Ivey


No que diz respeito a conselhos sobre poker, minha atitude é bem simples: procure por eles, os absorva, mas quando estiver na mesa, esqueça-os.
Eu acredito piamente que devemos aprender o jogo jogando-o. Não estou dizendo que não existem vários bons materiais por aí para ajudar os jogadores melhorarem seus jogos ou que livros sobre poker e tutoriais não têm o seu lugar. Eles têm. Entretanto, o problema que eu vejo com as pessoas que se utilizam desse tipo de ajuda é que eles acabam por jogar como se fossem outra pessoa ou – ainda pior – a jogar como todo mundo joga.
Uma das coisas que tornam o poker um bom jogo é que não existe jeito certo ou errado de jogá-lo. Cada jogador tem sua própria abordagem e a chave, na minha opinião, é pegar as coisas que você aprende com os outros jogadores e incorporá-las no estilo de jogo que funciona pra você.
Existem alguns jogadores que têm uma abordagem bastante matemática no poker e, para eles, isso funciona. Eles estudam as probabilidades e tomam decisões baseadas no fato de estarem ou não obtendo o preço correto para colocar as fichas no pot. Esse é um jeito sólido de se jogar, mas o fato é que essa não é a abordagem correta para todo mundo.
Calcular as probabilidades pode certamente ajudar você a decidir se está fazendo uma jogada inteligente, mas não leva em consideração contra quem você está jogando. Muitas vezes você irá calcular tudo corretamente, mas a decisão final ainda dependerá do feeling que você está tendo do seu oponente ou da situação em si. Será que esse cara tem uma boa mão? Será que eu consigo tirá-lo do pot? Estou entrando em problemas aqui? Mesmo se a estatística disser que você tem que jogar, seu instinto pode estar te dizendo algo diferente, e isso é algo que você só consegue desenvolver jogando.
Depender muito dos conselhos dos outros pode dificultar o aprendizado desse tipo de habilidade, porque sua mente começa a ficar confusa. Você fica tão focado em probabilidades, estatísticas e estratégias que acaba esquecendo que está jogando contra outra pessoa e que você deve tentar descobrir o que ela está tentando fazer. Seu oponente está assustado? Ele é um maníaco? Vai foldar se você apostar alto? Na minha opinião, essas são as coisas importantes e que devem ser mantidas na sua mente durante uma mão.
Isso já foi dito antes, mas não custa repetir: poker não é sobre as cartas, é sobre os jogadores e as situações. Jogadores vencedores entendem que às vezes você tem que arriscar. Às vezes suas jogadas vão funcionar, outras vezes não. Não importa se você ganha a mão ou não, você tem que fazer a jogada que considera a melhor.
Ao final de uma mão ou sessão, volte e estude as situações em que você acertou e seja honesto com você sobre as situações onde você cometeu erros. Entretanto, não super analise uma situação, imaginando o que você poderia ter feito diferente, porque isso pode atrapalhar sua mente na próxima vez que for jogar. Identifique seus erros, aprenda com eles, e siga em frente. Só porque alguma jogada não funcionou do jeito que você queria, não significa que você não deveria ter tentado. Como eu disse antes, algumas coisas você tem que aprender jogando.
Então este é meu conselho: leia esse artigo, leia outros artigos e livros sobre poker e absorva bastante conhecimento. Porém, no fim do dia, quando for para a mesa de poker, você tem que confiar nos seus instintos e jogar o seu próprio jogo, não o de outra pessoa.

Artigo escrito por Phil Ivey para o site do Full Tilt Poker.

72 Dicas Bem Simples de Poker


1-Leia tudo o que você encontrar sobre poker.
2-Tente conversar com qualquer pessoa sobre poker.
3-Salve todas as mãos que você teve dificuldade em jogar.
4-Discuta suas mãos em fóruns e qualquer lugar que você possa.
5-Pague um coach de Poker ou se registre numa escola online.
6-Sempre reveja sua session e aprenda a melhorar pelo seu próprio esforço.
7-Calcule e veja qual a sua equidade.
8-Aprenda a aplicar Gama de Mãos.
9-Tenha a mente aberta e teste tudo.
10-Entenda os conceitos do Poker e tente adequá-los de acordo com o seu estilo.
11-Seja generoso – Ajude os outros com o que você sabe.
12-Seja como um camaleão – Veja como os jogadores vencedores jogam, pense em como jogam e então os copie.
13-Se você pensa que o Poker vai te fazer rico rápido, você está enganado.
14-Longos períodos de “má sorte” acontecerão. Jogue tight nesses períodos, faça mais intervalos e discuta mais mãos para ter certeza de que você está jogando seu melhor.
15-Ame seus erros. – Afinal, como você saberia o que melhorar?
16-Seja autocrítico, mas não se crucifique. Todo erro é um investimento se você aprende a partir dele.
17-Aprenda como identificar/explorar os padrões dos jogadores e como tirar vantagem deles.
18-Foque no seu jogo e invista em cursos online – Seja Sit & Go’s, Torneios ou Cash Games. Escolha um como seu foco principal. Dicas Essenciais para Iniciantes 
19-Sempre jogue Tigh!
20-Tente diferentes modalidades de Poker. – Apesar do Texas Hold’em ser o mais popular, não significa que esse será o seu jogo.
21-Estude o jogo o máximo que você puder.
22-Tenha paciência. – Foi muito frustrante pra mim no começo, mas torne essa frustração em determinação e você estará bem pra seguir em frente.
23-Mantenha-se calmo. – Isso é muito importante durante toda sua carreira de jogador de Poker, mas especialmente agora no começo.
24-Torne-se um mestre em game selection.
25-Seja simples.
26-Veja as 8 primeiras dicas nessa lista e faça delas seus 8 mandamentos. Dicas para fazer Postar nos Fóruns
27-Poste coisas significativas.
28-Poste coisas engraçadas.
29-Não poste só mãos padrões nos fóruns. – Procure nos arquivos do fórum primeiro e aprenda.
30-Discuta mais outras mãos, pelo menos mais do que postar as suas.
31-Não tenha medo de chamarem sua atenção. É assim que você aprende.
32-Participe! Quanto mais mãos você analisar e pensar sobre o processo, melhor você se tornará. Dicas de Poker Coach
33-Encontre um coach com experiência e um bom arquivo de mãos.
34-Procure saber o que os outros pensam sobre tal coach.
35-Não contrate um coach High-stakes quando você só precisa de um Low-stakes.
36-Contrate um coach quando você está “running bad”.
37-Não importa quão bom um coach deve ser, ele pode não ser o certo pra você. Tente vários coachespara ter várias perspectivas. Ás vezes você precisa ouvir a mesma informação de diferentes ângulos para entender por completo.
38-Assine um site como Cardrunners ,Stoxpoker, TV Poker Pro,etc.
Dicas de Estratégias de Poker
39-Foque nos fundamentos. – Poker sólido ganha dinheiro.
40-Não caia na armadilha de que Poker é sobre grandes moves.
41-Se você não sabe as situações certas para blefar,não blefe.
42-Aprenda a se ajustar aos diferentes tipos de jogadores.
43-Joque Tight fora de posição.
44-Não caia numa guerra de egos. Administração da Bankroll 
45-Tenha uma específica regra de administração da sua Bankroll.
46-Tenha pelo menos 20 buy-ins para o limite que você está jogando e desça um limite se você cair para menos que isso.
47-Tenha suas regras bem específicas que você não possa quebrá-las sem saber que está quebrando. É fácil você se enganar.
48-Se esforce para não quebrar. Se você quebrar você não poderá mais jogar (chocante né?). Disciplina
54-Aprenda como você entra em Tilt.
55-Pare de jogar se você perdeu um grande pote ou faça uma pausa.
56-Se você sentir qualquer tipo de mudança emocional no seu corpo depois de sofrer uma bad beat ou várias, ou só não está recebendo nenhuma carta – levante-se ou simplesmente saia do jogo.
57-Disciplina é um dos pilares chave da frágil casa de cartas. – Se você não usar, a casa cai.
58-A maioria das downswings ou períodos longos de má sorte são devidos pela má disciplina.
59-Não tenha medo/vergonha para descer de limite se você está com problemas. Faça Notes 
60-Como ele joga mãos fortes?
61-Como ele joga mãos de força média?
62-Como ele joga mãos fracas?
63-Como ele joga draws? Percepção 
64-Qual sua imagem na mesa?
65-Aprenda a manipular sua imagem na mesa.
66-Aprenda como usar o que os outros sabem contra eles mesmos.
67-Aprenda a sair do jogo quando não está bom ou quando sua imagem na mesa não é notada.
Felicidade
68-Não desperdice sua energia se lamentando do quanto você é azarado.
69-Faça pausas.
70-Seja específico sobre o que você quer. (escreva seus objetivos).
71-Use seus lucros para tirar férias ou pagar um jantar pro seus amigos e família!
72-Se divirta jogando.

Artigo originalmente publicado no site ThePokerHowTo, traduzido por "GBllack" no Fórum MaisEV

Pôquer, o vilão do ano?

"Eu pago a aposta e aumento... a sua Alma!"

Nesta segunda-feira, li um artigo que me deixou muito surpreso. Quando procurei por “pôquer” no Google News, o terceiro resultado tinha uma chamada assustadora – “Pôquer online: o mal do ano”. Estava no site do jornal DCI. Pelo tom do título, eu já sabia o que me esperava quando cliquei no link.
Da primeira à última vírgula, discordei de tudo o que o autor escreveu. Achei de um conservadorismo tremendo. Nos últimos anos, o pôquer quebrou muitas barreiras no Brasil. O preconceito quase sumiu. Gosto de dizer, na minha coluna da CardPlayer Brasil, que até algum tempo atrás, o jogador de pôquer tinha síndrome de vira-lata (para citar a genial expressão do Nelson Rodrigues). Bastava a carrocinha virar a esquina e nós tremíamos, com medo de sermos laçados e transformados em sabão. Hoje, não mais. O pôquer ficou glamoroso, tão pop quanto a sopa Campbell’s do Andy Warhol.
O pôquer cresceu tanto que, atualmente, é quatro vezes maior do que o tênis no país. Enquanto o tênis distribui R$ 2,5 milhões em premiação ao longo do ano, o pôquer já passou a cifra dos R$ 10 milhões.
Decidi entrar em contato com o autor do citado artigo, Wenderson Wanzeller, um consultor financeiro. Wenderson gentilmente respondeu a todas as minhas perguntas. Devo notar que, apesar de discordar intensamente dele, respeito a sua opinião. Nada é unânime nesse mundo, e não tenho a pretensão de que o pôquer um dia seja.
Abaixo, transcrevo alguns dos pontos mais polêmicos do texto, as minhas reflexões, as de Wenderson e, eventualmente, algumas notas.
“O pôquer não é e nunca será uma profissão. (…) Não existe curso técnico, faculdade nem diploma de jogador.”

Eu digo: Segundo o dicionário, profissão significa “trabalho para a obtenção dos meios de subsistência”. Quem vive do pôquer, portanto, é um profissional das cartas. Além disso, o pôquer é comparado ao judô no artigo. Também não existe curso técnico, faculdade nem diploma para judocas.

Wenderson responde: Em relação à profissão, não faço essa afirmação sobre o judô. Refiro-me ao judoca como um esportista. Contudo, o atleta de judô é sim um profissional. Quem diz isso é a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO – 3771-20).

Nota – A CBO também não classifica a categoria de enxadrista. O que foram, então, Kasparov e Bobby Fischer, na opinião da entidade?

“Nem de longe o pôquer é um esporte. (…) Tênis é um esporte. Jogue tênis com o Guga e depois diga quantos saques você devolveu.”

Eu digo: As chances de um amador vencer um grande campeão, como o Alexandre Gomes, numa partida de mano a mano, é quase nula, também.

Wenderson responde: Não sou contra a tentativa de se reconhecer o pôquer como esporte. Depois das várias manifestações que recebi, percebo que tem gente esclarecida trabalhando por isso.

“No Brasil, jogar pôquer apostando dinheiro é contravenção. Do jogo no boteco à casa de luxo. Se for no Brasil, e estiver valendo, é ilegal.”

Eu digo: Em lugar nenhuma da legislação brasileira está dito isso.

Wenderson responde: Essa colocação é interessante. Mas, mesmo reconhecendo minha afirmação, acho que não devemos entrar no mérito jurídico. O que conheço de Lei é o que a própria Lei exige, ou seja, o necessário para saber que não devo apelar para o desconhecimento de sua existência para me livrar da prática de um crime ou, dependendo do caso, de uma contravenção.

Nota – O Decreto Lei nº 3.688 proíbe a exploração dos jogos de azar (em que “o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte”). Mas não diz se o pôquer se enquadra ou não na categoria.

“O pôquer não está sendo tradado como jogo de salão. Torneios que cobram a inscrição, menos mal. Se o valor for simbólico, não há o que se falar. Passou disso, em solo nacional, é contravenção.”

Eu digo: A inscrição para a São Silvestre custa R$ 500 no bloco principal. O prêmio do campeão é de R$ 28.000. Em que essa disputa difere de um torneio de pôquer?

Wenderson responde: Neste ponto me referi aos torneios de salão. Tudo bem se a associação dos jogadores de buraco organizar eventos cobrando pela participação. Acho que o mesmo se aplica ao pôquer. O que não pode haver e uma manipulação para transformar esta prática em aposta disfarçada. No caso da São Silvestre citado por você, estou de acordo, lembro apenas que o evento ocorre apenas uma vez por ano.
“O pôquer não passa de um jogo de azar.”

Eu digo: Como explicar, então, um jogador ser oito vezes campeão mundial na WSOP, caso do Phil Ivey?

Wenderson responde: Apesar de não conhecê-lo, não acredito que o Phil Ivey seja campeão somente pelo fator sorte. Reconheço que existem habilidades no jogo. Exemplo: blefar, mentir, insinuar, persuadir, etc. Decorar as probabilidades de vencer com combinações de cartas também é uma dessas habilidades. Mas, falando em probabilidades, qual seria a chance dele vencer um novato que tivesse uma mão de dois ases? Acho que somente habilidade não faria diferença.
Nota: Nenhum jogador é obrigado a entrar numa mão. Se o amador apostar com os dois ases, o Ivey pode simplesmente sair da jogada e ir para a próxima.

“O pôquer não passa de um jogo de azar.” (Parte II)

Eu digo: Há estudos e laudos técnicos que comprovam que o pôquer é um jogo de habilidade. Você poderia citar uma fonte segura que diz o contrário?

Wenderson responde: Infelizmente não posso responder esta pergunta da forma como você a coloca. O que posso afirmar é que tive uma infância num bairro muito violento. Muitos de meus colegas se perderam no vício das drogas, álcool e dos jogos. Quando digo que é jogo de azar, é porque muitos dos jovens que eu conhecia foram detidos pela polícia por jogar baralho valendo dinheiro, e o jogo de pôquer era um deles. Ressalto também que, neste momento, meu clamor é para voltarmos os olhos para os sites online de pôquer. O próprio título do artigo diz “Pôquer online: o mal do ano”. Nesses últimos dias tenho recebido críticas e elogios de todas as formas. Em relação às críticas, mais de 80% são de jovens que jogam pôquer online valendo dinheiro. Sinceramente, não imaginei que os apelos comerciais já tivessem influenciado tanto a nossa juventude – vide artigo. Sou um religioso não radical. Da mesma forma que você respeita a minha opinião, respeito a sua e a de todos os praticantes do jogo. Concordar é algo diferente. Ressalto que já solicitei ao nosso departamento de jornalismo a elaboração de uma matéria sobre o tema. Se aprovada, tentaremos ouvir o Secretário de Segurança Pública de SP. Além de perguntarmos sobre o suposto laudo técnico emitido por eles em relação ao jogo, também faremos o seguinte questionamento: duas ou mais pessoas jogando pôquer apostado no Brasil, é ou não contravenção? Se a matéria for ao ar com o Secretário de Segurança Pública afirmando que não, obrigatoriamente, terei que rever minha opinião.

Thiago Pessoa (Estudante de Direito - Blog Quero ser Shark)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Para todos os que duvidam da idoneidade das salas de poker.

A matemática foi inventada ou descoberta?



Na sua última obra, publicada no início deste ano sob o título Is God a Mathematician? (Deus é um matemático?), Livio trata de dar resposta à questão: as matemáticas preexistiam na Natureza, independentemente do cérebro humano ou, pelo contrário, são uma construção deste?

Da antiguidade até hoje, cientistas e filósofos deslumbraram-se: como é possível uma disciplina aparentemente tão abstracta ser capaz de explicar de forma tão perfeita o mundo natural?

Por exemplo, a miúdo, os matemáticos fizeram prognósticos sobre partículas subatómicas ou fenómenos cósmicos desconhecidos nesse momento, que posteriormente ficaram demonstrados.

A questão é esta: as matemáticas inventam-se ou descobrem-se? Se, como Einstein insistiu, as matemáticas são um produto do pensamento humano, independente da experiência, como podem descrever e até predizer o mundo que nos rodeia?

Revisão histórica

As matemáticas são realidades da natureza, independentes do mundo material, que os homens descobrem progressivamente? Ou são, pelo contrário, a tradução realizada pelo espírito humano (ou pelo nosso cérebro) de estruturas ou leis preexistentes no mundo material antes dos matemáticos as observarem?

Livio analisa na sua obra as diversas respostas dadas a estas perguntas ao longo da história. Em primeiro lugar, a tradição platónica assinalava que estas leis existiriam além do mundo material, no mundo das ideias.

O homem, pelas suas limitações, não poderia ter acesso a esse mundo das ideias, mas aproximar-se-ia dele através da racionalidade. Assim, segundo o platonismo, o ser humano não inventaria as matemáticas, mas iria descobri-las infinitamente, já que ninguém pode fixar o limite do mundo das ideias.

As hipóteses construtivistas, por seu lado, assinalam que existem leis de causalidade no universo a todos os níveis: no cosmos, na física microscópica, em biologia, etc.

Outras interpretações

Os humanos observam os fenómenos seguindo estas causalidades e esforçam-se por fazer aparecer, a partir delas, regularidades, utilizando para este trabalho ferramentas com que a evolução foi dotando o cérebro.

Assim, a pouco e pouco, a evolução do homo sapiens permitiu refinar os recursos matemáticos do ser humano para estabelecer cada vez mais regularidades, mas isso não significa que os objectos matemáticos se encontrem na Natureza.

Estes são, simplesmente, uma categoria particular com que o cérebro representa o mundo a partir das observações dos nossos sentidos.

Outras interpretações mais actuais das matemáticas assinalam, por exemplo, que o universo não é que seja compatível com as matemáticas, mas é matemático em si mesmo (Max Tegmark) ou que o cosmos é como um computador quântico cuja evolução poderia programar-se utilizando a potência de algoritmos de informática quântica (Seth Lloyd).

Dois papéis das matemáticas

Para Livio, as matemáticas desempenham um duplo papel: activo e passivo. O primeiro, consiste no uso contínuo de ferramentas matemáticas nas ciências.

O papel passivo, por sua vez, seria o daqueles postulados, conceitos e equações desenvolvidos pelos matemáticos durante séculos, sem referência alguma à experiência e que subitamente podem revelar-se como muito precisos e úteis para representar matematicamente objectivos de observação recentes.

Por exemplo, a descoberta da elipse pelo matemático grego Menaechmus (350 a.C.) permitiu a Kepler e a Newton representar com suficiente precisão as trajectórias dos planetas.

Além disso, Livio propõe distinguir entre descoberta e invenção. Por um lado, há conceitos matemáticos que foram inventados mas, por outro, as matemáticas reflectiriam uma parte das propriedades da Natureza.

Deus e o infinito

Para Lívio estas questões têm uma enorme importância, tanta que o autor as equipara a questões relacionadas com Deus.

Assim, escreve: “se se pensa que compreender se as matemáticas foram inventadas ou descobertas não é assim tão importante, é preciso considerar a grande diferença entre “inventado” ou “descoberto” na seguinte pergunta: Deus foi descoberto ou inventado? Ou esta outra pergunta: os homens criaram Deus à sua imagem e semelhança ou foi Deus que os criou à sua própria imagem e semelhança?”

Sobre as hipóteses da existência de Deus e do infinito, Livio esclarece a diferença entre ambos os conceitos para as matemáticas.

Esta radicaria no facto de os cientistas não se cansarem de concretizar o conceito de infinito, ultimamente na cosmologia dos múltiplos universos. Mas, pelo contrário, renunciaram há muito proporcionar provas científicas da existência de Deus.

Yaiza Martínez

As Virtudes de Jogar Short Stack


É muito comum ouvir pessoas falando sobre big stacks intimidando small stacks, geralmente jogando muito loose antes do flop e dando vários raises. Infelizmente, em um cash game, essa tática geralmente não oferece qualquer vantagem à pilha grande, uma vez que as fichas extras não entram no jogo. Isso é, se você tem $100 e eu tenho $1.000, estaremos em all-in depois dos primeiros $100, e meus $900 restantes não desempenham papel nenhum no restante da mão. Eu poderia colocar aqueles $900 extras em meu bolso que isso não o ajudaria (nem machucaria) de forma nenhuma.
Mas se você está com $100 e todos os outros na mesa têm $1.000, você realmente tem uma vantagem sobre eles. Na verdade, duas grandes vantagens.

Evitar jogar contra stacks mistos
Jogar contra stacks mistos é um dos aspectos mais complexos do no-limit hold'em. A estratégia pode mudar drasticamente devido aos diferentes tamanhos das pilhas. Se você está jogando $1-$2, com determinada mão deve ir de all-in contra um stack de $20, apenas pagar contra um de $200 e talvez aumentar (mas não ir de all-in) contra um de $1.000. Quando seus oponentes têm pilhas de tamanhos bem diferentes (ou seja, você esta jogando contra stacks mistos), o movimento ideal pode ser específico para cada um deles, devido aos diferentes tamanhos dos montantes.
Por exemplo, digamos que você tem $500 em uma mesa de $1-$2. Um jogador tight no UTG vai de all-in com $20. Um jogador fraco com $400 paga em seguida. Você está no button com 2 2. O que se deve fazer? Eu pagaria, uma vez que posso flopar uma trinca e levar um bom pote do jogador fraco. Mas, se ele tivesse desistido, eu faria a mesma coisa, já que eu ficaria praticamente no zero a zero (contra overcards) ou muito por baixo (contra um par maior), e provavelmente teria uma eqüidade negativa ao ficar sozinho contra o jogador em all-in.
Infelizmente, mesmo com o jogador fraco no pote, eu ainda teria -EV contra o jogador em all-in. O call do oponente fraco não muda o fato de que eu tenho que derrotar o adversário tight para levar o pote principal de $63. Eu paguei, mesmo com o jogador em all-in, porque acredito que a chance de levar um grande pote do oponente fraco valha a pena. Por causa dos stacks mistos, não havia uma jogada perfeita. Se eu quiser ganhar dinheiro de quem tem muitas fichas, tenho que ceder eqüidade para quem está com poucas.
Agora, coloque-se no lugar do jogador tight em all-in. Digamos que você tem Q Q e foi pago não por um, mas por dois jogadores, sendo o grande favorito. Existe uma grande chance de você triplicar. Além disso, o call do segundo jogador só aconteceu porque o stack dele era muito maior do que o seu. Se tivesse somente $20 também, teria desistido. O call só foi feito porque tanto ele quanto o jogador fraco estavam muito mais fortes do que você.
Contra stacks mistos sua tomada de decisão fica complicada, e você é forçado a assumir compromissos. Jogar com poucas fichas permite que você encare um tamanho padrão de stack (o seu), e se beneficie quando seus adversários enfrentarem staacks mistos.

Fold Equity sem risco
Fold Equity é o valor que você consegue quando seus oponentes desistem. A forma mais típica de gerar eqüidade de fold é apostando ou aumentando. Algumas vezes os outros jogadores fugirão e suas chances de levar o pote vão melhorar. Entretanto, essa eqüidade de fold tem um risco, uma vez que você pode perder qualquer quantidade que apostar. Mas, quando se tem poucas fichas, algumas vezes é possível conseguir isso sem ter que arriscar nada.
Digamos que você está numa mesa $1-$2, tem um stack de $20 e recebe J J. Dois jogadores entram de limp, cada um com $500, e você empurra all-in. Ambos pagam. O flop vem A 9 6 (não parece que sempre vem um ás?). Os dois oponentes dão check. O turn é o 10. Um jogador aposta $20 e o outro cai fora. O river é o K. Seu adversário mostra Q 10 e seus valetes vencem.
Então o outro jogador começa a reclamar, "Por que você tinha que apostar? Eu tinha um rei! Deveria ter levado essa". Porque seu oponente apostou no turn por você e o outro desistiu, você ganhou um pote que, de outra forma, teria perdido. Essa aposta teve fold equity não apenas para o apostador, mas também para você. Perceba que, ao contrário de quem apostou, você não precisou arriscar nada para conseguir isso. Veio automaticamente.
Se todos tivessem começado a mão com $20, você teria perdido o pote. No entanto, devido ao fato de que seus oponentes tinha dinheiro extra, você transformou uma derrota em uma vitória. Essa é a segunda vantagem de ser o short stack da mesa: conseguir fold equity sem risco.
Você pode dizer: "Mas ter uma pilha pequena de fichas significa que eu não posso tirar ninguém da mesa. Talvez eu tenha eqüidade de fold de graça algumas vezes, mas também não posso gerá-la sempre que quiser, pois não tenho o suficiente para apostar." Isso é verdade. Mas não anula nenhuma vantagem de ser o short stack da mesa. É apenas um resultado do que eu falei no começo, que diferentes tamanhos de stacks precisam de estratégias variadas. Em uma mesa de $1-$2, você tem uma gama de opções mais diversificadas à sua disposição com $20 do que com $200. Tudo que estou dizendo é que, se você tiver $20, geralmente será melhor se todos os seus oponentes tiverem $200, em vez de $20 também. Da mesma forma, se você tiver $200, será mais interessante que eles tenha $2.000, e não $200.
Os contadores de histórias dirão a você que ter um stack menor que o de todo mundo o colocará em desvantagem. Eles não apenas estão errados, como a verdade é o oposto disso. Não importa com quantas fichas jogue, você aproveitará as vantagens de quando as pilhas de fichas dos adversários forem muito maiores.

Artigo de Ed Miller, publicado na Revista Card Player Brasil de Dezembro/2007. Assine a Card Player Brasil e ganhe 20% de desconto.