quarta-feira, 14 de maio de 2014

Mindset - Como sou um trouxa!


Se alguém lhe disser que é mais inteligente que você, ele não é. Se ele fosse, não daria a você essa informação, que faz com que você se coloque na defensiva. Isso é verdade no poker e também na vida, onde, no mínimo, você não quer que as pessoas achem que não são tão inteligentes quanto você, simplesmente porque isso pode fazer com que elas se sintam irritadas e inseguras, e então não lhe dar o que você quer.

Com isso em mente, permita-me dizer que não sou mais inteligente do que ninguém, e permita-me embasar o argumento com a lista de “Top 10 Motivos Por Que Sou um Trouxa no Poker”. Eu espero demonstrar, através desse exercício de honestidade, que a honestidade, até mesmo a honestidade dolorosa, é amiga do jogador de poker consciente, não inimiga. Eis, então, minha lista...

10. Eu Fico Convencido Quando Estou Ganhando. Muitas foram as sessões vencedoras que eu transformei em perdedoras ao confundir boa sorte com bom jogo. Algumas cartas chave podem ser a diferença entre garantir a vitória e garantir a derrota. Se eu sempre me lembrasse disso, meu próprio excesso de confiança não me causaria danos.

9. Eu Tento Acertar Draws Apertados. É incrível como sou capaz de calcular incorretamente a matemática simples de um draw quando o ego está em jogo. Eu sei que tenho apenas quatro outs, mas queimo qualquer etapa mental necessária (com visões de implied odds dançando na minha cabeça) para justificar o draw.

8. Eu Fico Cego de Raiva Quando Estou Perdendo. Não que eu seja mal educado, mas eu tendo a fazer tudo errado quando as coisas não estão a meu favor. Não há nada errado em deixar meu jogo mais tight quando a situação pedir, mas eu também deixo minha imagem mais tight, e um eu calado e mal humorado não faz bem aos meus interesses.

7. Eu Forço a Barra Quando Estou Com Sorte. Além de ficar convencido quando estou ganhando, eu nem sempre consigo consolidar meus ganhos sem perder pelo menos um pouco deles. Isso geralmente acontece quando eu superestimo minha força na mesa e imagem na mesa. Só porque eu estou acertando minhas mãos, isso não necessariamente significa que os outros jogadores vão me temer e desistir.

6. Eu Não Tenho Disposição ou Concentração. Depois de algumas horas jogando poker, mesmo em um jogo excelente, minha mente começa a viajar. Pode ser que eu não tenha nascido para jogar maratonas de poker. Eu gosto de fazer muitas outras coisas.

5. Eu Tenho Medo de Dinheiro. Não importa quantas vezes eu diga a mim mesmo que apenas as fichas e os resultados importam, eu ainda não consigo perder o medo de perder todo aquele... valor. Quando estou dentro de minha zona de conforto, estou bem, mas quando coloco — ai, Deus — um pagamento de hipoteca na mesa, começo a ficar com a autoconfiança desgastada.

4. Eu Permaneço em Jogos Ruins. Seja por inércia, orgulho ou negação, eu geralmente me convenço de que um jogo não está tão ruim quanto parece estar. Apesar da evidência diante dos meus olhos, eu consigo me convencer de que meus oponentes não são tão talentosos, enganadores ou inteligentes quanto realmente são. Deixar um jogo ruim é sinal de inteligência, não de covardia.

3. Eu Não Dou Continuidade às Minhas Decisões. Com que frequência você vê bons jogadores dando raise pré-flop, apostando no flop, apostando no turn, apostando no turn e eventualmente derrubando todos os adversários? Nós sabemos que eles nem sempre têm as mãos que estão representando. O que eles têm é a habilidade essencial de dar continuidade a uma decisão, mesmo que seja um blefe. Eu, por outro lado, com frequência desisto de prosseguir com uma decisão no flop, dando check no turn e no river se eu não tiver derrubado o field até então. Talvez eu esteja convencido de que não conseguirei fazer todos os meus oponentes desistirem, mas talvez eu esteja errado.

2. Eu Dou Call, Ainda Que Esteja Derrotado. Frequentemente, eu sei — simplesmente sei — que um oponente acertou sua mão. Não obstante, eu dou call. Sempre que eu me digo que estou pagando “pelo tamanho do pote” ou “apenas para mantê-los honestos”, na verdade eu estou pagando porque não consigo admitir a verdade: eu estou derrotado e sei disso, e deveria dar fold.
E a coisa nº 1 que eu faço de errado é...

1. Eu Fico Loose. Eu fico loose quando estou ganhando. Eu fico loose quando estou perdendo. Eu fico loose quando estou cansado ou agitado ou entediado. Eu fico loose... com o tempo. Eu começo jogando absurdamente tight, mas logo me vejo abrindo a válvula. Quando me dou conta, a torneira está totalmente aberta e eu estou jogando toda mão insana que minhas mãos insanas conseguem segurar. Eu acho que estou sendo livre, mas na verdade eu estou “frouxo” e totalmente descontrolado.

Ninguém joga um poker perfeito. Esse é um sonho que podemos almejar, mas não uma meta que possamos atingir. Diante dessa realidade, eu acho útil ser paciente e impaciente ao mesmo tempo; isto é, paciente o suficiente para perdoar meus erros e impaciente o suficiente para exigir mais de mim da próxima vez. Trata-se de generosidade de espírito, e isso é ótimo, mas é claro que só dá certo se formos capazes de reconhecer nossos erros.

A essa generosidade de espírito, some uma autoconsciência clara. Faça inventários frequentes e francos sobre suas forças e fraquezas, e use as descobertas para aprimorar seu jogo. Ao final de tudo, honestidade pode ser a melhor arma que tempos. Portanto, eu passo a bola para você: você consegue listar o top 10 de motivos porque você é um trouxa no poker? Eu lhe desafio a fazer uma avaliação franca e honesta dos erros que você normalmente comete — mas também daqueles que não comete.

Eu, por exemplo, não faço um buy-in pequeno, nunca. Eu não faço rebuy quando perco de maneira horrível, nunca. Eu não culpo o azar ou um carma ruim por maus resultados, nunca. Eu não repreendo dealers ou outros jogadores, nunca. Eu não peço trocas de baralho ou de fichas, nunca. Eu não aposto mais do que posso perder, nunca. Eu não fico enfurecido, nunca (exceto comigo mesmo por fazer jogadas totalmente idiotas; mas logo me recupero). Eu não jogo quando estou bêbado, nunca.

Eu espero que você entenda que essas informações — tanto as boas quanto as ruins — são, em última análise, apenas informações. Você não precisa ser particularmente esperto para usar informações úteis.
Mas você não é particularmente esperto se não usá-las.

Texto de: John Vorhaus (Ótimo texto para reflexão)
Site do autor: John Vorhaus | Meet Radar Hoverlander « John Vorhaus

Nenhum comentário:

Postar um comentário