sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mais sobre a decisão do CONAR..

Em Setembro, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) suspendeu um comercial do Full Tilt Poker veiculado no Discovery Channel, sob a alegação que, por se tratar de um jogo de azar, seria uma contravenção penal exibi-lo. Prontamente, a Confederação Brasileira de Texas Hold'em (CBTH), junto à sala de poker online e o canal de TV a cabo, recorreu da decisão. Os pareceres do jurista Miguel Reale Jr. e do Tribunal de Justiça de São Paulo (cedidos pela CBTH), a liminar concedida em Santa Catarina para a realização do LAPT Florianópolis e a inclusão do poker na International Mind Sports Association (IMSA - entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional) foram as armas da defesa para reverter a decisão do CONAR. Cerca de dois meses depois, a entidade mudou o seu entendimento sobre o jogo e liberou o filme publicitário.
Após avaliar todo o material que lhe foi enviado, o Conselho de Ética do CONAR foi unânime em admitir que o poker não pode ser considerado um jogo de azar, e sim de estratégia e habilidade. Desta forma, não se enquadra no Art. 50 do Decreto-lei 3688/41 e não pode ser considerado um jogo proibido no Brasil.
A decisão foi muito comemorada por toda a comunidade do poker nacional e as palavras do Presidente da CBTH Igor Federal refletem essa grande vitória: "Esta decisão do Conselho de Ética do CONAR é a maior vitória do poker nacional em 2010, juntamente com a inclusão do poker na IMSA, a entrada do BSOP na televisão, a volta do LAPT para o País e o parecer do Miguel Reale Jr. que inclusive ajudou o CONAR a entender o poker como um jogo de habilidade. As informações e laudos jurídicos fornecidos pela Confederação para a defesa do Full Tilt foram argumentos fundamentais para que o Conselho de Ética do Conar concluísse que o poker não é jogo de azar e, portanto, não é ilegal."
Ainda assim, o CONAR julgou necessária uma alteração na propaganda, distinguindo de forma mais clara o FullTiltPoker.net (totalmente gratuito) do FullTiltPoker.com (que permite apostas em dinheiro).
Parabéns CBTH, Full Tilt Poker e Discovery Channel!

Site pokernews.com, 26 de novembro de 2010.

CONAR diz que poker não é proibido no Brasil


Pouco mais de dois meses após o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) proibir a veiculação de uma propaganda do Full Tilt Poker na TV a cabo alegando que o poker seria um jogo de azar e, portanto, proibido no Brasil, o órgão regulador voltou atrás e emitiu decisão de seu Conselho de Ética alterando a deliberação anterior.

Em setembro de 2010, o Conar havia decidido pela suspensão de um específico filme publicitário do Full Tilt, veiculado no Discvery Channel em dezembro de 2009. Apesar da decisão atingir somente aquela peça cinematográfica, ela era baseada no fato de o poker ser considerado um jogo de azar e, portanto, caracterizado como uma contravenção penal no Brasil.

Agora, o Conselho de Ética do órgão regulador foi unânime na visão de que o poker não pode ser considerado um jogo de azar e que se trata de um jogo onde estratégia e a habilidade dos jogadores são mais importantes que o fator sorte. Portanto, a atividade não se encaixa no Art. 50 do Decreto-lei 3688/41. Ou seja, após a nova análise, o Conar concluiu definitivamente que o poker não é um jogo proibido no Brasil.

Para CBTH, decisão do Conar sobre propaganda do Full Tilt é uma “vitória do poker nacional”

A mudança de posição do Conar teve influência direta da CBTH (Confederação Brasileira de Texas Holdem), que auxiliou a defesa do Full Tilt e do Discovery Channel com informações e documentos que comprovam que o poker não é jogo de azar, como havia sido definido pelo Conar no primeiro momento.

Os pareceres do jurista Miguel Reale Jr. e do Tribunal de Justiça de São Paulo (cedidos pela CBTH), a liminar concedida em Santa Catarina para a realização do LAPT Florianópolis e a inclusão do poker na IMSA (entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional) foram os principais argumentos para que o Conar chegasse à conclusão de que o poker não pode ser incluído na lei de contravenções penais.

A nova decisão permite a veiculação da referida propaganda, mas exige que ela seja alterada para que fique mais clara a diferença entre o fulltiltpoker.com (que permite as apostas em dinheiro) e o fulltiltpoker.net (gratuito), com o intuito de minimizar a possibilidade de o telespectador confundir o site de apostas e o de play money.

A nova e definitiva decisão do Conar não é uma boa notícia só para o Full Tilt e o Discovery Channel: ela abre possibilidade para que todos os canais brasileiros – a cabo e abertos – permitam veiculação de propaganda e conteúdo programático relacionados ao poker. Dada a importância do fato, o SuperPoker entende que a nova decisão tem valor incalculável para o crescimento do poker no Brasil. 

Site SuperPoker 25 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quem Foi Stu Ungar? - O Pelé do pôquer


O maior jogador de pôquer da história só perdeu para a cocaína e para as corridas de cachorros
Álvaro Oppermann

Ninguém ganhou mais torneios em Las Vegas ou jogou tão bem nas mesas de pôquer quanto Stu Ungar. Seu raciocínio e elaboração de estratégias eram fora do comum. Suas partidas eram espetáculos. Alguém falou em Pelé? Melhor pensar numa síntese de Pelé e Garrincha.
Stu nasceu em 1953 em Nova York. O pai, um imigrante judeu, ganhava a vida como bookmaker em corridas de cavalos. A mãe era fanática por pôquer. Com 7 anos, Ungar aprendeu as manhas do jogo. Com 10, já era craque e aos 15 caiu nas graças da família Genovese, da máfia, ganhando acesso aos clubes ilegais de carteado. Em 1978, não tendo mais de quem ganhar na sua região, foi para Las Vegas. Na sua primeira partida de pôquer nos cassinos locais, perdeu 20 mil dólares em 15 minutos, mas depois de 36 horas na mesa recuperou a quantia e ainda amealhou outros 27 mil dólares. Em 1980, com 26 anos, foi campeão mundial. Levou 365 mil dólares para casa. No ano seguinte, foi bicampeão.
Até Stu aparecer em Vegas, o pôquer era dominado por caubóis. Carismático, logo virou pop star na cidade. Era galanteador com as mulheres e implacável com os adversários. Tinha memória fotográfica absoluta: se visse rapidamente as cartas sendo embaralhadas, saberia depois qual a combinação de cada pessoa na mesa. Somado à sua agressividade, à frieza para blefar com milhares de dólares e a capacidade de perceber na cara de seus adversários o que estavam planejando, ele amedrontava quem jogasse com ele. "Seu cérebro funcionava 99% mais rápido do que o de qualquer outra pessoa na mesa", dizia o jogador Mike Sexon.
Sua saúde, no entanto, tinha dois adversários: as noitadas com mulheres e a cocaína. O seu bolso tinha um ainda pior: ele não passava um dia sem apostar, principalmente em corridas de cachorros (jogo que adorava, mas do qual não entendia nada). Ficou pobre. Em 1997, com dinheiro emprestado, conseguiu ainda entrar – e vencer – pela última vez o campeonato mundial. Gastou em 4 meses o prêmio de 1 milhão de dólares e, em 1998, numa espelunca em Las Vegas, o destino lhe deu a cartada final. Foi encontrado morto por ataque cardíaco, sujo como um mendigo. Dos 30 milhões de dólares que ganhou em sua carreira, restavam-lhe 800. Bem, no jogo da vida, a casa sempre ganha. Até de Stu Ungar.

• Foi quem mais faturou no pôquer. Ganhou 3 vezes cada um dos dois torneios mais importantes, além de 10 outros campeonatos de apostas altas. Os craques que mais se aproximaram disso ganharam só a metade.
• Era desorganizado. Nunca abriu uma conta bancária. Ficou milionário e perdeu tudo pelo menos 4 vezes na vida. Uma vez, com 3 milhões de dólares no bolso, teve a luz cortada por falta de pagamento.
• Aparentava ser mais jovem do que era. Aos 35, precisou tirar do bolso um maço de 10 mil dólares e mostrar a um garçom, como prova de que era maior de idade.

Artigo traduzido: Não leia essa dica, por Phil Ivey


No que diz respeito a conselhos sobre poker, minha atitude é bem simples: procure por eles, os absorva, mas quando estiver na mesa, esqueça-os.
Eu acredito piamente que devemos aprender o jogo jogando-o. Não estou dizendo que não existem vários bons materiais por aí para ajudar os jogadores melhorarem seus jogos ou que livros sobre poker e tutoriais não têm o seu lugar. Eles têm. Entretanto, o problema que eu vejo com as pessoas que se utilizam desse tipo de ajuda é que eles acabam por jogar como se fossem outra pessoa ou – ainda pior – a jogar como todo mundo joga.
Uma das coisas que tornam o poker um bom jogo é que não existe jeito certo ou errado de jogá-lo. Cada jogador tem sua própria abordagem e a chave, na minha opinião, é pegar as coisas que você aprende com os outros jogadores e incorporá-las no estilo de jogo que funciona pra você.
Existem alguns jogadores que têm uma abordagem bastante matemática no poker e, para eles, isso funciona. Eles estudam as probabilidades e tomam decisões baseadas no fato de estarem ou não obtendo o preço correto para colocar as fichas no pot. Esse é um jeito sólido de se jogar, mas o fato é que essa não é a abordagem correta para todo mundo.
Calcular as probabilidades pode certamente ajudar você a decidir se está fazendo uma jogada inteligente, mas não leva em consideração contra quem você está jogando. Muitas vezes você irá calcular tudo corretamente, mas a decisão final ainda dependerá do feeling que você está tendo do seu oponente ou da situação em si. Será que esse cara tem uma boa mão? Será que eu consigo tirá-lo do pot? Estou entrando em problemas aqui? Mesmo se a estatística disser que você tem que jogar, seu instinto pode estar te dizendo algo diferente, e isso é algo que você só consegue desenvolver jogando.
Depender muito dos conselhos dos outros pode dificultar o aprendizado desse tipo de habilidade, porque sua mente começa a ficar confusa. Você fica tão focado em probabilidades, estatísticas e estratégias que acaba esquecendo que está jogando contra outra pessoa e que você deve tentar descobrir o que ela está tentando fazer. Seu oponente está assustado? Ele é um maníaco? Vai foldar se você apostar alto? Na minha opinião, essas são as coisas importantes e que devem ser mantidas na sua mente durante uma mão.
Isso já foi dito antes, mas não custa repetir: poker não é sobre as cartas, é sobre os jogadores e as situações. Jogadores vencedores entendem que às vezes você tem que arriscar. Às vezes suas jogadas vão funcionar, outras vezes não. Não importa se você ganha a mão ou não, você tem que fazer a jogada que considera a melhor.
Ao final de uma mão ou sessão, volte e estude as situações em que você acertou e seja honesto com você sobre as situações onde você cometeu erros. Entretanto, não super analise uma situação, imaginando o que você poderia ter feito diferente, porque isso pode atrapalhar sua mente na próxima vez que for jogar. Identifique seus erros, aprenda com eles, e siga em frente. Só porque alguma jogada não funcionou do jeito que você queria, não significa que você não deveria ter tentado. Como eu disse antes, algumas coisas você tem que aprender jogando.
Então este é meu conselho: leia esse artigo, leia outros artigos e livros sobre poker e absorva bastante conhecimento. Porém, no fim do dia, quando for para a mesa de poker, você tem que confiar nos seus instintos e jogar o seu próprio jogo, não o de outra pessoa.

Artigo escrito por Phil Ivey para o site do Full Tilt Poker.

72 Dicas Bem Simples de Poker


1-Leia tudo o que você encontrar sobre poker.
2-Tente conversar com qualquer pessoa sobre poker.
3-Salve todas as mãos que você teve dificuldade em jogar.
4-Discuta suas mãos em fóruns e qualquer lugar que você possa.
5-Pague um coach de Poker ou se registre numa escola online.
6-Sempre reveja sua session e aprenda a melhorar pelo seu próprio esforço.
7-Calcule e veja qual a sua equidade.
8-Aprenda a aplicar Gama de Mãos.
9-Tenha a mente aberta e teste tudo.
10-Entenda os conceitos do Poker e tente adequá-los de acordo com o seu estilo.
11-Seja generoso – Ajude os outros com o que você sabe.
12-Seja como um camaleão – Veja como os jogadores vencedores jogam, pense em como jogam e então os copie.
13-Se você pensa que o Poker vai te fazer rico rápido, você está enganado.
14-Longos períodos de “má sorte” acontecerão. Jogue tight nesses períodos, faça mais intervalos e discuta mais mãos para ter certeza de que você está jogando seu melhor.
15-Ame seus erros. – Afinal, como você saberia o que melhorar?
16-Seja autocrítico, mas não se crucifique. Todo erro é um investimento se você aprende a partir dele.
17-Aprenda como identificar/explorar os padrões dos jogadores e como tirar vantagem deles.
18-Foque no seu jogo e invista em cursos online – Seja Sit & Go’s, Torneios ou Cash Games. Escolha um como seu foco principal. Dicas Essenciais para Iniciantes 
19-Sempre jogue Tigh!
20-Tente diferentes modalidades de Poker. – Apesar do Texas Hold’em ser o mais popular, não significa que esse será o seu jogo.
21-Estude o jogo o máximo que você puder.
22-Tenha paciência. – Foi muito frustrante pra mim no começo, mas torne essa frustração em determinação e você estará bem pra seguir em frente.
23-Mantenha-se calmo. – Isso é muito importante durante toda sua carreira de jogador de Poker, mas especialmente agora no começo.
24-Torne-se um mestre em game selection.
25-Seja simples.
26-Veja as 8 primeiras dicas nessa lista e faça delas seus 8 mandamentos. Dicas para fazer Postar nos Fóruns
27-Poste coisas significativas.
28-Poste coisas engraçadas.
29-Não poste só mãos padrões nos fóruns. – Procure nos arquivos do fórum primeiro e aprenda.
30-Discuta mais outras mãos, pelo menos mais do que postar as suas.
31-Não tenha medo de chamarem sua atenção. É assim que você aprende.
32-Participe! Quanto mais mãos você analisar e pensar sobre o processo, melhor você se tornará. Dicas de Poker Coach
33-Encontre um coach com experiência e um bom arquivo de mãos.
34-Procure saber o que os outros pensam sobre tal coach.
35-Não contrate um coach High-stakes quando você só precisa de um Low-stakes.
36-Contrate um coach quando você está “running bad”.
37-Não importa quão bom um coach deve ser, ele pode não ser o certo pra você. Tente vários coachespara ter várias perspectivas. Ás vezes você precisa ouvir a mesma informação de diferentes ângulos para entender por completo.
38-Assine um site como Cardrunners ,Stoxpoker, TV Poker Pro,etc.
Dicas de Estratégias de Poker
39-Foque nos fundamentos. – Poker sólido ganha dinheiro.
40-Não caia na armadilha de que Poker é sobre grandes moves.
41-Se você não sabe as situações certas para blefar,não blefe.
42-Aprenda a se ajustar aos diferentes tipos de jogadores.
43-Joque Tight fora de posição.
44-Não caia numa guerra de egos. Administração da Bankroll 
45-Tenha uma específica regra de administração da sua Bankroll.
46-Tenha pelo menos 20 buy-ins para o limite que você está jogando e desça um limite se você cair para menos que isso.
47-Tenha suas regras bem específicas que você não possa quebrá-las sem saber que está quebrando. É fácil você se enganar.
48-Se esforce para não quebrar. Se você quebrar você não poderá mais jogar (chocante né?). Disciplina
54-Aprenda como você entra em Tilt.
55-Pare de jogar se você perdeu um grande pote ou faça uma pausa.
56-Se você sentir qualquer tipo de mudança emocional no seu corpo depois de sofrer uma bad beat ou várias, ou só não está recebendo nenhuma carta – levante-se ou simplesmente saia do jogo.
57-Disciplina é um dos pilares chave da frágil casa de cartas. – Se você não usar, a casa cai.
58-A maioria das downswings ou períodos longos de má sorte são devidos pela má disciplina.
59-Não tenha medo/vergonha para descer de limite se você está com problemas. Faça Notes 
60-Como ele joga mãos fortes?
61-Como ele joga mãos de força média?
62-Como ele joga mãos fracas?
63-Como ele joga draws? Percepção 
64-Qual sua imagem na mesa?
65-Aprenda a manipular sua imagem na mesa.
66-Aprenda como usar o que os outros sabem contra eles mesmos.
67-Aprenda a sair do jogo quando não está bom ou quando sua imagem na mesa não é notada.
Felicidade
68-Não desperdice sua energia se lamentando do quanto você é azarado.
69-Faça pausas.
70-Seja específico sobre o que você quer. (escreva seus objetivos).
71-Use seus lucros para tirar férias ou pagar um jantar pro seus amigos e família!
72-Se divirta jogando.

Artigo originalmente publicado no site ThePokerHowTo, traduzido por "GBllack" no Fórum MaisEV

Pôquer, o vilão do ano?

"Eu pago a aposta e aumento... a sua Alma!"

Nesta segunda-feira, li um artigo que me deixou muito surpreso. Quando procurei por “pôquer” no Google News, o terceiro resultado tinha uma chamada assustadora – “Pôquer online: o mal do ano”. Estava no site do jornal DCI. Pelo tom do título, eu já sabia o que me esperava quando cliquei no link.
Da primeira à última vírgula, discordei de tudo o que o autor escreveu. Achei de um conservadorismo tremendo. Nos últimos anos, o pôquer quebrou muitas barreiras no Brasil. O preconceito quase sumiu. Gosto de dizer, na minha coluna da CardPlayer Brasil, que até algum tempo atrás, o jogador de pôquer tinha síndrome de vira-lata (para citar a genial expressão do Nelson Rodrigues). Bastava a carrocinha virar a esquina e nós tremíamos, com medo de sermos laçados e transformados em sabão. Hoje, não mais. O pôquer ficou glamoroso, tão pop quanto a sopa Campbell’s do Andy Warhol.
O pôquer cresceu tanto que, atualmente, é quatro vezes maior do que o tênis no país. Enquanto o tênis distribui R$ 2,5 milhões em premiação ao longo do ano, o pôquer já passou a cifra dos R$ 10 milhões.
Decidi entrar em contato com o autor do citado artigo, Wenderson Wanzeller, um consultor financeiro. Wenderson gentilmente respondeu a todas as minhas perguntas. Devo notar que, apesar de discordar intensamente dele, respeito a sua opinião. Nada é unânime nesse mundo, e não tenho a pretensão de que o pôquer um dia seja.
Abaixo, transcrevo alguns dos pontos mais polêmicos do texto, as minhas reflexões, as de Wenderson e, eventualmente, algumas notas.
“O pôquer não é e nunca será uma profissão. (…) Não existe curso técnico, faculdade nem diploma de jogador.”

Eu digo: Segundo o dicionário, profissão significa “trabalho para a obtenção dos meios de subsistência”. Quem vive do pôquer, portanto, é um profissional das cartas. Além disso, o pôquer é comparado ao judô no artigo. Também não existe curso técnico, faculdade nem diploma para judocas.

Wenderson responde: Em relação à profissão, não faço essa afirmação sobre o judô. Refiro-me ao judoca como um esportista. Contudo, o atleta de judô é sim um profissional. Quem diz isso é a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO – 3771-20).

Nota – A CBO também não classifica a categoria de enxadrista. O que foram, então, Kasparov e Bobby Fischer, na opinião da entidade?

“Nem de longe o pôquer é um esporte. (…) Tênis é um esporte. Jogue tênis com o Guga e depois diga quantos saques você devolveu.”

Eu digo: As chances de um amador vencer um grande campeão, como o Alexandre Gomes, numa partida de mano a mano, é quase nula, também.

Wenderson responde: Não sou contra a tentativa de se reconhecer o pôquer como esporte. Depois das várias manifestações que recebi, percebo que tem gente esclarecida trabalhando por isso.

“No Brasil, jogar pôquer apostando dinheiro é contravenção. Do jogo no boteco à casa de luxo. Se for no Brasil, e estiver valendo, é ilegal.”

Eu digo: Em lugar nenhuma da legislação brasileira está dito isso.

Wenderson responde: Essa colocação é interessante. Mas, mesmo reconhecendo minha afirmação, acho que não devemos entrar no mérito jurídico. O que conheço de Lei é o que a própria Lei exige, ou seja, o necessário para saber que não devo apelar para o desconhecimento de sua existência para me livrar da prática de um crime ou, dependendo do caso, de uma contravenção.

Nota – O Decreto Lei nº 3.688 proíbe a exploração dos jogos de azar (em que “o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte”). Mas não diz se o pôquer se enquadra ou não na categoria.

“O pôquer não está sendo tradado como jogo de salão. Torneios que cobram a inscrição, menos mal. Se o valor for simbólico, não há o que se falar. Passou disso, em solo nacional, é contravenção.”

Eu digo: A inscrição para a São Silvestre custa R$ 500 no bloco principal. O prêmio do campeão é de R$ 28.000. Em que essa disputa difere de um torneio de pôquer?

Wenderson responde: Neste ponto me referi aos torneios de salão. Tudo bem se a associação dos jogadores de buraco organizar eventos cobrando pela participação. Acho que o mesmo se aplica ao pôquer. O que não pode haver e uma manipulação para transformar esta prática em aposta disfarçada. No caso da São Silvestre citado por você, estou de acordo, lembro apenas que o evento ocorre apenas uma vez por ano.
“O pôquer não passa de um jogo de azar.”

Eu digo: Como explicar, então, um jogador ser oito vezes campeão mundial na WSOP, caso do Phil Ivey?

Wenderson responde: Apesar de não conhecê-lo, não acredito que o Phil Ivey seja campeão somente pelo fator sorte. Reconheço que existem habilidades no jogo. Exemplo: blefar, mentir, insinuar, persuadir, etc. Decorar as probabilidades de vencer com combinações de cartas também é uma dessas habilidades. Mas, falando em probabilidades, qual seria a chance dele vencer um novato que tivesse uma mão de dois ases? Acho que somente habilidade não faria diferença.
Nota: Nenhum jogador é obrigado a entrar numa mão. Se o amador apostar com os dois ases, o Ivey pode simplesmente sair da jogada e ir para a próxima.

“O pôquer não passa de um jogo de azar.” (Parte II)

Eu digo: Há estudos e laudos técnicos que comprovam que o pôquer é um jogo de habilidade. Você poderia citar uma fonte segura que diz o contrário?

Wenderson responde: Infelizmente não posso responder esta pergunta da forma como você a coloca. O que posso afirmar é que tive uma infância num bairro muito violento. Muitos de meus colegas se perderam no vício das drogas, álcool e dos jogos. Quando digo que é jogo de azar, é porque muitos dos jovens que eu conhecia foram detidos pela polícia por jogar baralho valendo dinheiro, e o jogo de pôquer era um deles. Ressalto também que, neste momento, meu clamor é para voltarmos os olhos para os sites online de pôquer. O próprio título do artigo diz “Pôquer online: o mal do ano”. Nesses últimos dias tenho recebido críticas e elogios de todas as formas. Em relação às críticas, mais de 80% são de jovens que jogam pôquer online valendo dinheiro. Sinceramente, não imaginei que os apelos comerciais já tivessem influenciado tanto a nossa juventude – vide artigo. Sou um religioso não radical. Da mesma forma que você respeita a minha opinião, respeito a sua e a de todos os praticantes do jogo. Concordar é algo diferente. Ressalto que já solicitei ao nosso departamento de jornalismo a elaboração de uma matéria sobre o tema. Se aprovada, tentaremos ouvir o Secretário de Segurança Pública de SP. Além de perguntarmos sobre o suposto laudo técnico emitido por eles em relação ao jogo, também faremos o seguinte questionamento: duas ou mais pessoas jogando pôquer apostado no Brasil, é ou não contravenção? Se a matéria for ao ar com o Secretário de Segurança Pública afirmando que não, obrigatoriamente, terei que rever minha opinião.

Thiago Pessoa (Estudante de Direito - Blog Quero ser Shark)