Na  última década, o pôquer passou de prática mal vista para esporte  reconhecido mundialmente e televisionado para diversos países, mas ainda  mantém para algumas pessoas a velha imagem de porões esfumaçados e  ilegalidade.
De ilegal a disputa não tem nada, de acordo com o advogado Luiz  Guilherme Moreira Porto, que representa a CBTH (Confederação Brasileira  de Texas Hold`em), entidade oficial do esporte no país. Para ele, não há  dúvidas quanto à legalidade, e a área nebulosa vem do preconceito que a  sociedade ainda tem. "Não existe disputa judicial, existiria se  houvesse alguma discussão, mas não tem porque o pôquer já é reconhecido  pela própria lei", afirma Porto.
A Lei de Contravenções Penais descreve o jogo de azar como tendo ganhos e  perdas dependentes exclusivamente ou principalmente da sorte. A tese de  que o pôquer não se enquadra nessa definição é amplamente aceita no  Brasil e no mundo e inibe ações repressivas da polícia. Entre os  argumentos usados para legitimar a prática, está o fato de que conhecer  as regras e ter a capacidade de contar as cartas na mesa, e portanto as  probabilidades, é fundamental para ter sucesso após algumas rodadas,  como assinala um laudo feito pelo escritório do ex-professor da Unicamp,  Ricardo Molina.
O matemático também ressalta o aspecto psicológico do jogo, já que ler  as intenções dos adversários e esconder as próprias é uma tática vital,  segundo a maior pesquisa já feita sobre o assunto, pela empresa  americana Cigital. Os estudiosos observaram 103 milhões de mãos  (rodadas) e concluíram que 75,7% delas terminaram sem que cartas fossem  mostradas e sim com um jogador fazendo com que os outros desistissem  antes dessa fase. Das que foram até o fim, metade terminou premiando os  participantes com os piores jogos, já que os detentores das melhores  combinações não "pagaram para ver" e saíram antes. De acordo com o  estudo, isso significa que a distribuição aleatória de cartas, onde o  fator sorte está presente, representa muito pouco para o resultado do  jogo.
A lei também considera jogo de azar as apostas sobre qualquer competição  esportiva, com exceção de corrida de cavalos em hipódromos. Esse é o  caso do pôquer, provavelmente o único esporte do mundo em que a aposta é  o elemento principal da disputa. Para Porto, o que se quer evitar é  outras pessoas apostem no resultado dos atletas. "Quando tem uma  terceira pessoa apostando numa disputa entre duas pessoas, a chance de  perda da ética é maior", considera ele. "Mas quando é você que está  apostando no próprio jogo, esse risco não existe. Você não tem como se  vender para a própria aposta que fez."
O pôquer tem diferentes tipos de disputa: jogos em que se aposta  dinheiro vivo na mesa (cash games), torneios com inscrições pagas nos  quais vence quem terminar com fichas, e até partidas valendo dinheiro  pela internet. Em um parecer jurídico sobre o esporte, Miguel Reale  Junior, ex-Ministro da Justiça e sócio de Luiz Guilherme Porto, afirma  que não há diferença de análise, pois em todas o que prepondera é a  habilidade. Isso explicaria a inexistência de campeões de dados, roleta  ou bingo.
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