O homem por trás da máscara era um revolucionário católico que tentou matar um rei protestante
          
Por que a imagem desse terrorista religioso virou símbolo de liberdade?
 
                                        
A máscara de um rosto sinistramente pálido, com um sorriso 
malicioso e finos bigodes pretos virados para cima fazem do rosto de Guy
 Fawkes um símbolo da desobediência civil no início do século 21. Se 
antes a face mais comum da revolução era a de Ernesto “Che” Guevara, 
hoje parece que o posto pertence a esse católico britânico levado à 
forca por traição no século 17.
A popularização da figura da máscara começou em 2006, por causa do 
sucesso do filme “V de Vingança”, adaptada para o cinema pelos irmãos 
Wachowski a partir de uma história em quadrinhos para adultos criada por
 Alan Moore e David Lloyd.
O protagonista do filme é um homem que vai contra o sistema, um herói
 misterioso que luta contra um regime fascista e vence ao explodir o 
Parlamento britânico. Uma das últimas cenas mostra uma multidão com 
máscaras imitando o rosto do rebelde olhando para o incêndio. Ao 
contrário de Fawkes, que falhou na vida real em detonar a dinamite que 
carregava.
James Sharpe, historiador proeminente e autor de um livro sobre 
Fawkes,  afirma e que a verdadeira história de vida desse homem está 
mais interligada com a questão religiosa na Inglaterra medieval do que o
 filme ou a história em quadrinhos se preocupam em mostrar.
Em 2008, o grupo de ativistas e hackers que se autodenomina 
Anonymous, escolheu usar a máscara de Fawkes como sua “cara pública” 
durante uma manifestação contra a Igreja da Cientologia, nos Estados 
Unidos.
A partir daí e do sucesso de ações do Annonymous em invadir e tirar 
do ar sites de grandes empresas e de governos, o rosto passou a 
simbolizar a defesa pelos direitos individuais. Durante o movimento 
Ocupar Wall Street, e outros similares que surgiram pelo mundo todo, 
tornou-se um dos maiores símbolo dos grupos anticapitalistas.
Eles afirmam não terem um líder, serem um coletivo, lutarem contra as
 justiças do mundo, estares do lado dos pobres e fazem tudo isso “para 
dar risadas”.
“Algumas pessoas usam essa máscara por moda, outras sabem o que ela 
representa. Eu tenho uma para mostrar o meu apoio à mensagem contra a 
tirania e fazer parte deste movimento global de contestação e de 
cidadania”, contou um dos manifestantes acampado em frente à catedral 
Saint Paul, no centro financeiro de Londres.
No último sábado, um grande grupo marchou em direção ao Parlamento 
inglês. A importância da data, 5 de novembro de 1605., é porque foi 
nesse dia que a polícia britânica prendeu Fawkes com vários quilos de 
explosivos na parte subterrânea do Parlamento.
O costume, desde então, é no quinto dia do de novembro acender 
fogueiras, lançar fogo-de-artifício e queimar reproduções do rebelde 
católico. Uma espécie de “malhação de Judas”, que serviria de aviso a 
qualquer um que pense em cometer uma traição contra a monarquia.
Com seu ato terrorista, Guy Fawkes não desejava destruir o sistema. 
Queria apenas derrubar a monarquia do rei protestante James I e fazer um
 protesto contra a perseguição religiosa de católicos no Reino Unido.
Fawkes e outros participaram do que ficou conhecido como “a 
Conspiração da Pólvora”. Explodir o Parlamento enquanto o Rei James 
estava lá era seu objetivo, uma manobra política. Conta à história que 
eles foram presos e torturados durante quatro dias, depois julgados e 
condenados à morte por enforcamento.
Seja por sorte ou algum tipo de ajuda, Fawkes não morreu na forca. 
Ele teria tropeçado ao subir para o cadafalso e quebrou o pescoço na 
queda. Todos os historiadores concordam que Guy Fawkes não foi um 
combatente contra o sistema. Sequer era o mentor do atentado, mas foi 
escolhido por ser um especialista em armas.
Ele poderia ser considerado um terrorista religioso que tentou 
destituir o rei protestante e devolver o domínio do seu país aos 
católicos. É bom ressaltar que o rei James I foi responsável pela 
tradução da Bíblia pra o inglês, a versão King James, Seu nome ficou, 
assim, perpetuado na história do protestantismo. Se Fawkes tivesse sido 
bem-sucedido, provavelmente a bíblia King James jamais teria existido.
Ironicamente, as máscaras com a “cara de Fawkes”, que vendem 
aproximadamente 100 mil exemplares por ano em todo o mundo, são uma 
propriedade registrada da Time Warner, detentora dos direitos do filme  
“V de Vingança” Ou seja, ao usarem essa imagem para combater o 
capitalismo selvagem, como afirmam, na verdade ajudam a dar lucro para 
uma multinacional que lucrou cerca de 1,6 bilhão de dólares no ano 
passado.
Traduzido e Adaptado por Gospel Prime de CNN e informações da Wikipedia