Se alguém lhe
disser que é mais inteligente que você, ele não é. Se ele fosse, não
daria a você essa informação, que faz com que você se coloque na
defensiva. Isso é verdade no poker e também na vida, onde, no mínimo,
você não quer que as pessoas achem que não são tão inteligentes quanto
você, simplesmente porque isso pode fazer com que elas se sintam
irritadas e inseguras, e então não lhe dar o que você quer.
Com isso em
mente, permita-me dizer que não sou mais inteligente do que ninguém, e
permita-me embasar o argumento com a lista de “Top 10 Motivos Por Que
Sou um Trouxa no Poker”. Eu espero demonstrar, através desse exercício
de honestidade, que a honestidade, até mesmo a honestidade dolorosa, é
amiga do jogador de poker consciente, não inimiga. Eis, então, minha
lista...
10. Eu Fico
Convencido Quando Estou Ganhando. Muitas foram as sessões vencedoras que
eu transformei em perdedoras ao confundir boa sorte com bom jogo.
Algumas cartas chave podem ser a diferença entre garantir a vitória e
garantir a derrota. Se eu sempre me lembrasse disso, meu próprio excesso
de confiança não me causaria danos.
9. Eu Tento
Acertar Draws Apertados. É incrível como sou capaz de calcular
incorretamente a matemática simples de um draw quando o ego está em
jogo. Eu sei que tenho apenas quatro outs, mas queimo qualquer etapa
mental necessária (com visões de implied odds dançando na minha cabeça)
para justificar o draw.
8. Eu Fico Cego
de Raiva Quando Estou Perdendo. Não que eu seja mal educado, mas eu
tendo a fazer tudo errado quando as coisas não estão a meu favor. Não há
nada errado em deixar meu jogo mais tight quando a situação pedir, mas
eu também deixo minha imagem mais tight, e um eu calado e mal humorado
não faz bem aos meus interesses.
7. Eu Forço a
Barra Quando Estou Com Sorte. Além de ficar convencido quando estou
ganhando, eu nem sempre consigo consolidar meus ganhos sem perder pelo
menos um pouco deles. Isso geralmente acontece quando eu superestimo
minha força na mesa e imagem na mesa. Só porque eu estou acertando
minhas mãos, isso não necessariamente significa que os outros jogadores
vão me temer e desistir.
6. Eu Não Tenho
Disposição ou Concentração. Depois de algumas horas jogando poker,
mesmo em um jogo excelente, minha mente começa a viajar. Pode ser que eu
não tenha nascido para jogar maratonas de poker. Eu gosto de fazer
muitas outras coisas.
5. Eu Tenho
Medo de Dinheiro. Não importa quantas vezes eu diga a mim mesmo que
apenas as fichas e os resultados importam, eu ainda não consigo perder o
medo de perder todo aquele... valor. Quando estou dentro de minha zona
de conforto, estou bem, mas quando coloco — ai, Deus — um pagamento de
hipoteca na mesa, começo a ficar com a autoconfiança desgastada.
4. Eu Permaneço
em Jogos Ruins. Seja por inércia, orgulho ou negação, eu geralmente me
convenço de que um jogo não está tão ruim quanto parece estar. Apesar da
evidência diante dos meus olhos, eu consigo me convencer de que meus
oponentes não são tão talentosos, enganadores ou inteligentes quanto
realmente são. Deixar um jogo ruim é sinal de inteligência, não de
covardia.
3. Eu Não Dou Continuidade às Minhas Decisões. Com que frequência você vê bons jogadores dando raise pré-flop, apostando no flop,
apostando no turn, apostando no turn e eventualmente derrubando todos
os adversários? Nós sabemos que eles nem sempre têm as mãos que estão
representando. O que eles têm é a habilidade essencial de dar
continuidade a uma decisão, mesmo que seja um blefe. Eu, por outro lado,
com frequência desisto de prosseguir com uma decisão no flop, dando check no turn e no river se eu não tiver derrubado o field
até então. Talvez eu esteja convencido de que não conseguirei fazer
todos os meus oponentes desistirem, mas talvez eu esteja errado.
2. Eu Dou Call, Ainda Que Esteja Derrotado. Frequentemente, eu sei — simplesmente sei — que um oponente acertou sua mão. Não obstante, eu dou call.
Sempre que eu me digo que estou pagando “pelo tamanho do pote” ou
“apenas para mantê-los honestos”, na verdade eu estou pagando porque não
consigo admitir a verdade: eu estou derrotado e sei disso, e deveria
dar fold.
E a coisa nº 1 que eu faço de errado é...
1. Eu Fico
Loose. Eu fico loose quando estou ganhando. Eu fico loose quando estou
perdendo. Eu fico loose quando estou cansado ou agitado ou entediado. Eu
fico loose... com o tempo. Eu começo jogando absurdamente tight, mas
logo me vejo abrindo a válvula. Quando me dou conta, a torneira está
totalmente aberta e eu estou jogando toda mão insana que minhas mãos
insanas conseguem segurar. Eu acho que estou sendo livre, mas na verdade
eu estou “frouxo” e totalmente descontrolado.
Ninguém joga um
poker perfeito. Esse é um sonho que podemos almejar, mas não uma meta
que possamos atingir. Diante dessa realidade, eu acho útil ser paciente e
impaciente ao mesmo tempo; isto é, paciente o suficiente para perdoar
meus erros e impaciente o suficiente para exigir mais de mim da próxima
vez. Trata-se de generosidade de espírito, e isso é ótimo, mas é claro
que só dá certo se formos capazes de reconhecer nossos erros.
A essa
generosidade de espírito, some uma autoconsciência clara. Faça
inventários frequentes e francos sobre suas forças e fraquezas, e use as
descobertas para aprimorar seu jogo. Ao final de tudo, honestidade pode
ser a melhor arma que tempos. Portanto, eu passo a bola para você: você
consegue listar o top 10 de motivos porque você é um trouxa no poker?
Eu lhe desafio a fazer uma avaliação franca e honesta dos erros que você
normalmente comete — mas também daqueles que não comete.
Eu, por exemplo, não faço um buy-in
pequeno, nunca. Eu não faço rebuy quando perco de maneira horrível,
nunca. Eu não culpo o azar ou um carma ruim por maus resultados, nunca.
Eu não repreendo dealers ou outros jogadores, nunca. Eu não peço trocas
de baralho ou de fichas, nunca. Eu não aposto mais do que posso perder,
nunca. Eu não fico enfurecido, nunca (exceto comigo mesmo por fazer
jogadas totalmente idiotas; mas logo me recupero). Eu não jogo quando
estou bêbado, nunca.
Eu espero que
você entenda que essas informações — tanto as boas quanto as ruins —
são, em última análise, apenas informações. Você não precisa ser
particularmente esperto para usar informações úteis.
Mas você não é particularmente esperto se não usá-las.